A indústria automobilística fixou sua própria cotação para o dólar, que varia de R$ 1,65 a R$ 1,80, valores que têm provocado a ira dos fornecedores de autopeças. ‘‘Temos de pagar a cotação do dia para matérias-primas e componentes que importamos, mas não conseguimos repassar este custo para as montadoras’’, reclama o presidente da Sogefi, Mário Milani. ‘‘Passamos por uma situação caótica e já há movimento de fabricantes ameaçando suspender as entregas’’, diz.
A Sogefi tem três fábricas no País que produzem filtros, componentes de suspensão e buzinas. No mês passado, uma delas deixou de entregar componentes e conseguiu da montadora o reajuste solicitado. ‘‘Mas não podemos usar essa estratégia o tempo todo, pois é um desgaste muito grande’’, afirma Milani.
‘‘Tudo tem limite e chegamos a esse limite’’, disse o presidente da Delphi, Volker Barth. A empresa está no grupo dos chamados sistemistas - que entregam conjuntos completos para as montadoras - e, de acordo com o executivo, sofre pressões dos subfornecedores, que também querem receber o câmbio integral dos produtos importados.
A Visteon, outra grande sistemista, tem a mesma dificuldade. O presidente da empresa, José Helio Contador Filho, diz que o grupo está repassando aos seus fornecedores uma cotação de R$ 1,90, mas recebe das montadoras entre R$ 1,65 e R$ 1,80. ‘‘Há uma dificuldade muito grande de diálogo com as montadoras e pode ocorrer falta de peças, não por parte dos sistemistas, mas dos nossos subfornecedores’’, alerta.