Aumento das tensões no exterior afeta mercados
PUBLICAÇÃO
domingo, 15 de outubro de 2000
Agência Estado De São Paulo
O quadro externo de incertezas, ampliadas pela disparada dos preços do petróleo e pelo aumento de tensão entre árabes e israelenses, tende a agravar a instabilidade no mercado doméstico. Para o diretor de Risco da Lloyds Asset Management (LAM), Gilberto Poso, a volatilidade do petróleo e a fragilidade do euro perante o dólar vão continuar afetando os investimentos. O motivo básico está na redução do volume de ingresso de recursos estrangeiros no País.
O encolhimento do aporte de capitais deve estimular a alta do dólar, deprimir as ações e estabilizar as taxas de juros nos atuais níveis, prevê o executivo. O agravamento de expectativas, contudo, não é condição suficiente ainda para mudança nos juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, em reunião que tem início amanhã e termina na quarta-feira.
O cenário de instabilidade reduz os investimentos estrangeiros por aqui. A diminuição da oferta de dólar aumenta a pressão sobre o câmbio e deprime a bolsa, que tende a ficar também sem os recursos de investidores domésticos que, com a estabilidade dos juros e as incertezas, devem permanecer ancorados em aplicações de renda fixa.
A bolsa não acena com perspectiva de valorização consistente enquanto perdurar o quadro de incerteza externa, avalia Poso.
O investidor que se sente atraído pela bolsa deve ser cauteloso e comprar ações aos poucos, porque, apesar das contínuas quedas, não dá para dizer que os preços chegaram ao fundo do poço, afirma.
Outra sugestão são os fundos cambiais. As incertezas poderiam empurrar o dólar para um intervalo entre R$ 1,88 e R$ 1,92 até o fim do ano.