Atraso no lançamento do Plano Safra provoca reações no setor agro
Entidades representativas criticam decisão do governo federal e dizem que adiamento gera incertezas aos produtores
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 27 de junho de 2024
Entidades representativas criticam decisão do governo federal e dizem que adiamento gera incertezas aos produtores
Simoni Saris - Grupo Folha
O adiamento em uma semana do lançamento do Plano Safra 2024/2025 gerou insegurança entre algumas entidades do setor agropecuário no Paraná. O anúncio do programa que viabiliza recursos com taxas mais baixas para a agropecuária familiar e empresarial estava marcado para esta quarta-feira (26), mas foi prorrogado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) por solicitação da pasta do Desenvolvimento Agrário, que alegou a necessidade de realizar ajustes na proposta. A princípio, a nova data ficou para a próxima quarta-feira, dia 3 de julho.
A prorrogação foi comunicada na tarde da última terça-feira (25) e, imediatamente, provocou reações de entidades representativas do setor agropecuário. Uma delas foi a SRP (Sociedade Rural do Paraná), que em nota divulgada por sua assessoria de imprensa, externou a preocupação com o adiamento. “O atraso da divulgação representa um obstáculo significativo para os pequenos, médios e grandes produtores, comprometendo o planejamento e a execução das atividades agrícolas. A expectativa dos produtores para o lançamento do Plano Safra é alta, pois necessitam desses recursos para assegurar a produtividade e a competitividade do setor.”
Mais do que os sete dias de atraso para o lançamento da proposta, o que preocupa é a falta de agilidade e de clareza nas ações governamentais. “O grande problema não é o tempo, é o tipo de ação. O plano não foi feito em uma semana, é um projeto. Ano passado, fizeram um plano espetacular, mas não tinha dinheiro. Bancos privados e cooperativas tiveram de suprir”, destacou o presidente da SRP, Marcelo Janene El-Kadri. “Isso gera uma falsa expectativa de coisa boa. Tem tempo para plantar e colher, atrasa a programação, mas o mais grave é a falta de informação, a dúvida que gera o desconhecimento. Isso é o que nos preocupa mais.”
A decisão pelo adiamento foi tomada em reunião realizada na terça-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, depois de o titular da pasta do Desenvolvimento Agrário, o ministro Paulo Teixeira, solicitar mais tempo para acertar detalhes do Plano Safra e organizar as atividades do dia do lançamento. O programa de incentivo ao setor agropecuário deverá acontecer no Palácio do Planalto.
Fávaro minimizou o impacto da decisão e disse que o adiamento permitirá ao governo fazer as contas com calma e detalhar os números finais com a equipe econômica.
O sistema Faep/Senar-PR divulgou uma nota de repúdio, chamando de "desserviço" a decisão do governo federal de alterar a data do lançamento do Plano Safra. "Essa mudança tem impacto direto no planejamento de milhares de agricultores e pecuaristas do Paraná e dos demais estados, já que a safra começa oficialmente no dia 1 de julho. Desta forma, produtoras e produtores rurais vão começar a temporada em meio às incertezas."
Mais moderado, o presidente do Sistema Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), José Augusto Ricken, não vê a decisão do governo como um grande problema. “Se o plano atender à expectativa, não é uma semana que vai comprometê-lo”, comentou.
No Plano Safra 23-24 foram disponibilizados R$ 435,8 bilhões. Agora, especula-se um aumento de 26% nos recursos, valor próximo a R$ 550 bilhões.
Há pouco mais de um mês, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil ) entregou um documento ao governo federal contendo propostas consideradas prioritárias para o Plano Safra 2024/2025 na visão dos produtores rurais. Entre elas, garantir suplementação de R$ 2,1 bilhões ao Seguro Rural em 2024 (totalizando R$ 3 bilhões) e R$ 4 bilhões para 2025 e disponibilizar R$ 570 bilhões em recursos financiáveis do Plano Safra 2024/2025, sendo R$ 359 bilhões para custeio e comercialização, R$ 111 bilhões para investimentos e R$ 100 bilhões para agricultura familiar. A CNA também pede garantias de que os recursos anunciados estejam disponíveis ao longo de toda a safra.