Trabalhadores e representantes sindicais realizaram atos em Rolândia e em Jaguapitã em frente a frigoríficos da JBS e da Jaguafrangos. O ato faz parte da campanha “A Carne mais Barata do Frigorífico é a do Trabalhador”, da Contac (Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Alimentação), CNTA Afins (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação) e REL-UITA (Regional Latinoamericana da União Internacional do Trabalhadores da Alimentação).

Imagem ilustrativa da imagem Atos pedem segurança contra Covid-19 a trabalhadores de frigoríficos
| Foto: Divulgação

A reivindicação dos trabalhadores é, principalmente, em relação à testagem dos funcionários, provisão de EPIs em quantidade adequada e controle de aglomerações.

Segundo Anderson Zanelato, presidente do STIAAR (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Arapongas e Região), só na JBS em Rolândia há 25 casos positivos da Covid-19, 120 casos em investigação e 170 afastados por comorbidades conforme informações prestadas pela própria empresa duas semanas atrás. Trabalham na unidade cerca de 3.600 pessoas.

Há dez dias, dois trabalhadores do frigorífico foram a óbito pela doença. Valdir Santana e Aparecida dos Santos Pereira trabalhavam há sete anos na empresa. Segundo informações do sindicato da categoria, eles tinham 53 e 45 anos. “Tem relatos de trabalhadores trabalhando com a doença mas que não apresentam sintomas. A reivindicação nossa é a testagem, que se busquem os trabalhadores assintomáticos.”

Os trabalhadores também denunciam o uso de uma mesma máscara - modelos PFF2 e M95 - por uma semana e falta de local adequado para guardar o equipamento. “A unidade da JBS em Rolândia oferece a máscara correta, mas não faz a troca correta, somente uma vez por semana. Trabalhamos com uma mesma máscara cinco dias, e isso acaba propiciando ainda mais a contaminação pois o ambiente é úmido e sujo, com poeira. A máscara não resiste. Fora a forma de guardar, que é inadequada, junto com bota, EPIs.”

Zanelato relata ainda situações de desrespeito às normas de distanciamento nos vestiários, entrada dos restaurantes, e outros setores da empresa.

Em Jaguapitã, o número de casos também teria chegado a mais de 200 na Jaguafrangos e na JBS, segundo o presidente do STIAAJ (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Jaguapitã e Região), Cleilson Ramos Mattos. Só em um turno da Jaguafrangos, 202 trabalhadores teriam testado positivo em testes realizados pela empresa duas semanas atrás. Conforme Mattos, há denúncia de trabalhadores da empresa que, mesmo positivados, teriam sido orientados a voltar ao trabalho por não apresentarem sintomas. O Sindicato também pede troca mais frequente de máscaras e mais testes em um número maior de trabalhadores.

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JAGUAFRANGOS

Em nota, a Jaguafrangos refutou as denúncias e disse que não há trabalhadores contaminados no desempenho de suas atividades laborais. “Trabalhadores com confirmação ou suspeita de covid-19 e respectivos contactantes são imediatamente afastados, seguindo o protocolo médico e ambulatorial chancelado pelas autoridades.” Salientou que foi a primeira da região a efetuar testes em massa, nas recomendações do Ministério Público do Trabalho, e que é constantemente vistoriada pela Secretaria de Saúde do Estado do Paraná.

Afirmou ainda que “vem sendo extremamente rigorosa com a adoção das medidas higiênico-sanitárias estabelecidas pelas autoridades competentes”. Segundo a Jaguafrangos, no momento, o frigorífico tem quatro casos positivos para o novo coronavírus devidamente afastados, assim como os seus contactantes.

JBS

A JBS afirmou que “lamenta profundamente o falecimento de seus colaboradores Valdir Santana e Aparecida dos Santos Pereira, que há 7 anos trabalhavam na empresa, e se solidariza à dor dos seus companheiros de trabalho, amigos e familiares a quem vem prestando toda assistência e suas condolências nesse momento de profunda tristeza".

Destacou ainda que, em três meses, investiu mais de R$ 100 milhões em saúde e segurança dos trabalhadores. Dentre as ações citadas, estão a ampliação das frotas de ônibus e instalação de estruturas ambulatoriais, de refeitórios de campanha e de áreas de descanso para ampliar o distanciamento.

A JBS também citou a aquisição de máscaras de acrílico “face shield” (180 mil nos últimos três meses), máscaras descartáveis e de tecido. “Ao todo, a empresa já adquiriu mais de 1,2 milhão de EPI´s nesse período. Os equipamentos são usados durante todo o turno dos colaboradores que, na linha de produção ainda contam com barreiras físicas de proteção e que garantem o isolamento físico e social.”

A empresa declarou ainda que realiza o monitoramento diário de 100% dos colaboradores desde o início da sua jornada, seja por anamnese, medição de temperatura ou consulta laboratorial.