Reunidos desde ontem em Bariloche para um retiro de três dias para análises econômicas, 300 empresários, economistas e membros do governo argentino tentam prever a evolução do Mercosul, da crise das bolsas e os efeitos das medidas de ajuste brasileiro. Fontes do Ministério da Economia disseram que ‘‘dentro do governo está tentando-se minimizar o impacto recessivo na Argentina do ajuste brasileiro. O que explica as exportações argentinas ao Brasil nos últimos anos foi o crescimento brasileiro. Na época da recessão brasileira, de 1992 a 1993, tínhamos déficit. Com o fim da recessão começamos a ter superávit. Isso pode se repetir agora’’.
Segundo o líder da oposição Carlos ‘‘Chacho’’ Álvarez, ‘‘se houver recessão no Brasil, o país que mais sentirá a situação é a Argentina. O crescimento previsto pode diminuir de 8% para 6% e não haverá geração de empregos’’. O presidente do Hong kong Shangai Bank, John Bond, declarou que ‘‘nós investimos no Mercosul porque existe maturidade’’.
O secretário da Indústria e Comércio, Alieto Guadagni, afirma que as medidas brasileiras ‘‘não necessariamente’’ vão provocar recessão no Brasil. Guadagni insistiu em sua previsão de 8% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 1998. Ele elogiou o pacote de ajuste brasileiro, afirmando que ‘‘é ambicioso, é uma tarefa de Hércules’’, e que ‘‘nenhum país industrializado poderia ter tido condições de fazê-lo’’.
Os analistas e empresários estão evitando falar sobre o impacto global das medidas na economia argentina. Os principais efeitos, afirmam, sem querer se identificar, serão o setor de lacteos, que exporta 88% da produção ao Brasil. Ou o setor de frutas, das quais dependem quase que exclusivamente as províncias pobres de La Rioja e Catamarca. Carlos Rodrigues, secretário de Política Econômica, anunciou que o governo vai solicitar uma autorização especial ao Congresso para aumentar os impostos caso a crise piore.