Aquisições devem crescer até 15%
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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Natalia Gómez<br> Agência Estado
São Paulo - O número de fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras caiu 5% em 2009, para 634 operações, segundo levantamento da Deloitte divulgado com exclusividade à Agência Estado. Apesar da retração provocada pela crise internacional, a expectativa é positiva para 2010, com alta de 10% a 15% caso o ritmo siga a tendência dos últimos meses do ano passado, com cerca de 60 negócios ao mês. ''Desde o último trimestre de 2009 os investidores voltaram a pensar ativamente em fusões e aquisições'', disse Reinaldo Grasson, sócio de Corporate Finance da Deloitte, especializado em fusões e aquisições.
Segundo ele, o crescimento de 5% esperado para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve atrair o interesse de empresas estrangeiras ao País, especialmente para os setores ligados a consumo e varejo, uma vez que outras regiões como Europa e Estados Unidos ainda não voltaram aos níveis anteriores à crise mundial. A retomada das aberturas de capital (IPOs) na Bovespa também deve favorecer estas operações porque as empresas nacionais ficarão mais capitalizadas.
De acordo com o estudo da Deloitte, as operações de fusões e aquisições foram prejudicadas no primeiro semestre de 2009 pela redução nos fluxos financeiros internacionais, mas houve uma recuperação no segundo semestre, período em que o número de operações foi duas vezes maior do que no primeiro semestre. As três maiores operações do ano foram a compra do Bertin pela JBS Friboi, por R$ 27 bilhões, a compra da Sadia pela Perdigão, por R$ 21 bilhões, e a compra da Aracruz pela VCP, por R$ 5,1 bilhões.
O estudo apontou que as operações entre empresas brasileiras caíram 18,8% em relação a 2008, somando 299 negócios. Os investimentos estrangeiros somaram 223 operações, alta de 10,9%, enquanto os investimentos de brasileiras em empresas estrangeiras caíram 13,8% para 112 operações.
O setor que mais se destacou nesta área foi o de atividades financeiras, com 60 operações que representaram 9% do total. Algumas das principais transações no setor financeiro foram a aquisição de participação societária no Banco Votorantim pelo Banco do Brasil, no Banco PanAmericano pela Caixa e a compra do Banco Ibi pelo Bradesco.
O setor de tecnologia da informação e internet teve 51 operações, 8% do total, com destaque para a compra do controle da GVT Holdings pela francesa Vivendi, as operações realizadas pela Totvs, e a aquisição de 91% do site de comparação de preços Buscapé pelo grupo sul-africano Naspers, na maior transação desse setor em 2009. As operações relacionadas a serviços ficaram em terceiro lugar, representando 13% do total de operações. Os negócios mais relevantes no setor de serviços foram as compras do Ponto Frio e das Casas Bahia pelo Pão de Açúcar.
O número de fusões dobrou entre 2008 e 2009, passando de 20 para 39 transações anunciadas. De acordo com Grasson, isso pode ser explicado pelo período de escassez de recursos financeiros, o que beneficiou fusões envolvendo troca de ações, sem a necessidade de financiamento através de dívida ou comprometimento de recursos em caixa.
A maior parte das fusões (82%) envolveu transações entre empresas de capital nacional, com participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e empresas estatais em muitas delas, segundo a Deloitte.