Para os donos de bares, fechar às 20 horas inviabiliza o negócio
Para os donos de bares, fechar às 20 horas inviabiliza o negócio | Foto: Divulgação

Mesmo com autorização para receber clientes após o lockdown, bares e restaurantes de Londrina resolveram permanecer com as portas fechadas e atender somente por delivery para diminuir custos, afirma o presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) Norte do Paraná, Leonardo Leão.

Desde a última quarta-feira (10), os estabelecimentos puderam reabrir as portas, mas em horário restrito, das 10 horas até as 20 horas, de segunda a sexta-feira e com limitação da capacidade em 50%, por força do decreto estadual 7020/2021. Após as 20 horas, os estabelecimentos podem funcionar somente na modalidade de entrega.

“Em alguns casos, os empresários estão enxergando que presencial não vale a pena. Eles estão tentando diminuir alguns custos, como água e luz, que acabam sendo muito grandes quando tem abertura", afirma Leão, que também é proprietário do Deck Bar e resolveu permanecer com as portas fechadas para atendimento no local.

"Muita gente acredita que abrindo até 20 horas consiga faturar um pouco, ajudar nas despesas, nos custos fixos e variáveis. Outros enxergam que não vale a pena", ele continua. "Mas como um todo, realmente está prejudicando todo mundo, porque das 20 horas em diante é onde existe maior fluxo de atendimento presencial. O faturamento que chegava a 40%, 50%, hoje não vai passar de 20%. E isso está acarretando já em desemprego.”

Segundo o presidente da Abrasel Norte PR, em uma pesquisa rápida feita com os associados a entidade chegou à conclusão que, nos últimos 15 dias, cada estabelecimento teve uma baixa de em média um a dois funcionários. “Isso com certeza é reflexo de decisões arbitrárias sendo tomadas pelo governo”, critica.

Depois de pegar as chaves para inaugurar seu bar no início de março do ano passado, Rodrigo Arcanjo precisou adaptar o espaço que foi projetado para receber pessoas para assistir jogos esportivos. O estabelecimento funcionou durante a pandemia, mas a receita, segundo ele, já não cobria as despesas.

Na última quarta-feira, o proprietário resolveu não reabrir. "Até o cliente sair do trabalho, ir para casa e tomar banho, já está na hora de fechar", lamenta o proprietário do White Horse. "Não compensa botar gente pra trabalhar, pagar energia elétrica... Fechar às 20 horas da noite é totalmente inviável."

Mesmo antes do lockdown, Arcanjo também já não oferecia mais serviço de delivery. "Não compensa, já tínhamos abandonado porque o custo operacional da cozinha é muito alto para manter só com delivery."

Arcanjo mantinha 12 funcionários freelance, e com o estabelecimento fechado, todos tiveram que ser dispensados. "Precisamos ter hegemonia no setor, trabalhar seis horas consecutivas. Fomos projetados para ser um bar da alta noite, das 21 horas até o começo da madrugada. A maioria dos bares trabalham com happy hour, até 23 horas, mas para nós não funciona."

SÓ DELIVERY

Já outros estabelecimentos tiveram que entregar o imóvel de vez e adotar atendimento exclusivo por delivery por tempo indeterminado, devido à drástica redução de receita. Esse é o caso da lanchonete Robs, antes localizado na movimentada Av. Higienópolis.

Logo após adquirir a lanchonete do dono antigo em março do ano passado, Eliane Lima, proprietária do Robs Lanches, foi surpreendida pela pandemia do coronavírus. Com o movimento afetado, a lanchonete fechou as portas e passou a atender somente com entregas. “Não conseguimos permanecer na Higienópolis por causa das despesas. Era alugado, a gente saiu de lá porque não conseguia pagar o aluguel”, lamenta.