Embora a produção de mel seja o carro-chefe da apicultura,  própolis, cera e geleia real ajudam a agregar muito mais valor
Embora a produção de mel seja o carro-chefe da apicultura, própolis, cera e geleia real ajudam a agregar muito mais valor | Foto: iStock

O faturamento com a apicultura pode proporcionar bons lucros. O técnico da Emater, Nilo Deliberali, apresentou no Show Rural 2020 as muitas oportunidades que o setor permite. Primeiramente, ele lembra que a abelha é muito necessária na natureza. “A sustentabilidade contempla três fatores fundamentais: ambiental, social e econômico. Se um desses fatores perecer, não há sustentabilidade. A abelha proporciona tudo isso. Ela produz mel, cera, própolis, geleia real e apitoxina”, aponta. Segundo ele, todos os agricultores se apaixonam pelas abelhas, pelo mel e pelos seus produtos. “A tendência é sempre aumentar os apicultores. Se um deles vê um amigo ter produção boa, acaba se interessando também por essa produção”, aponta.

Embora a produção de mel seja o carro-chefe da apicultura, ele afirma que a produção de própolis, cera, geleia real, vai agregar muito mais valor. “O produtor pode trabalhar não só com mel no caixilho de madeira, mas pode produzir o favo diretamente no vidro. É só colocar o vidro no auge da primavera”, destaca.

Para os iniciantes, Deliberali orienta que é preciso começar devagar e investir no conhecimento. “Para começar no ramo é preciso ir devagar e ir evoluindo aos poucos, mas corretamente, para não desperdiçar material e não gastar energia desnecessariamente. Se não fizer isso o produto fica sem qualidade”, aponta.

Estande da Emater em Cascavel: orientações para quem deseja entrar no ramo da apicultura
Estande da Emater em Cascavel: orientações para quem deseja entrar no ramo da apicultura | Foto: Divulgação/Emater

“A primeira coisa é buscar conhecimento via cursos, via internet e via livros. Tem muita coisa boa por aí”, destaca. “O mel é uma coisa tão bonita, tão boa e tão pura dentro do favo, mas quando o homem coloca a mão nele, pode contaminar o produto. É preciso ter conhecimento para que pegue o favo e extraia o mel da maneira correta para que ele chegue ao consumidor com qualidade, puro e limpo”, orienta.

Ele ressalta que no Paraná os municípios que produzem mel de melhor qualidade são Ortigueira, Nova Laranjeira, Prudentópolis, além de outros municípios na região Sudoeste. “Os melhores locais são aqueles em que há mais mata, pois nesses locais oferecem melhores condições”, observa. Ele aponta que a abelha africanizada, que é obtida cruzando a europeia com a africana, é a mais difundida no Paraná. “A africanizada pode ter colmeias com até 60 mil abelhas e produz mel em maior quantidade. Existe também a abelha sem ferrão, que possui um enxame de até 20 mil indivíduos, que produz bem menos mel, mas possui melhor qualidade que a africanizada”, aponta.

Ele não sabe dizer o quanto o Paraná produz de mel e de outros produtos da apicultura. “Não tenho condição de comentar para isso. O que posso dizer é que do inverno passado até o próximo inverno que vai chegar a safra tem sido muito boa, com o mel bem bonito devido à boa florada. Isso deixou o mel bem amarelinho”, destaca. Segundo ele, as pessoas precisam guardar esse mel para vender no inverno, quando o preço é melhor para o apicultor.

Sobre a produção de apitoxina, ele afirma que em Cascavel não tem ninguém que produza. “Ela é usada na medicina para o tratamento da artrose e artrite. Um quilograma de apitoxina vale mais do que um quilograma de ouro, mas é muito complicado para recolher, já que é preciso uma bateria que dá choque nas abelhas nas entradas das colméias. No momento que ela senta para entrar na caixa, leva um choque e reage com a ferroada. O ferrão não crava porque ele faz isso no vidro”, destaca. Segundo ele, é bem complicado para produzir. “O nosso presidente da Apivel (Associação dos Apicultores de Cascavel) tem o aparelho para coletar, mas as abelhas ficam muito agressivas. É preciso que essa produção seja feita em local bem isolado”, explica.

Sobre o fato de apicultores sofrerem com a perda de colmeias inteiras para a pulverização de produtos defensivos agrícolas, ele afirma que na região de Cascavel também teve casos, mas não tão graves. “Eu sou apicultor também. Se os agricultores tiverem essa consciência ambiental e ecológica vai ter um equilíbrio. É preciso suprimir algum agrotóxico mais agressivo. Tudo é possível se as pessoas sentarem e conversarem”, destaca.