Uma falha no sistema nacional de energia afetou o fornecimento de luz em estados de todas as regiões do país, na manhã desta terça-feira (15). O apagão interrompeu o fornecimento de 16 mil MW de carga, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). O sistema foi restabelecido totalmente às 16h30, seis horas após a falha, de acordo com o ministério de Minas e Energia.

A Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), com base em notificações de filiados, confirmou que 25 estados e o Distrito Federal foram afetados. A exceção foi Roraima, que não está no SIN (Sistema de Integração Nacional). As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste tiveram a energia restabelecida por volta das 10h20. Já o retorno integral no Nordeste e Norte ocorreu apenas no período da tarde.

No Paraná, a Copel informou que o corte provocou a interrupção no fornecimento de energia às 8h31, "afetando, de início, 1 milhão e 70 mil unidades consumidoras (21% do total) em todas as regiões do estado". Segundo a empresa, por volta das 11h30, todos os serviços já tinham sido restabelecidos.

Em nota, a Copel afirma que "foi o evento do Erac [Esquema Regional de Alívio de Carga] com o maior número de desligamentos que atingiu o Paraná". "O mecanismo de corte de carga, também conhecido como Erac, foi necessário, segundo o ONS, devido a um problema na interligação do sistema elétrico entre as regiões Norte/Nordeste e Nordeste/Sudeste. Esse mecanismo é acionado preventivamente, quando necessário, para evitar impactos maiores no funcionamento do sistema elétrico nacional", informa.

Em entrevista coletiva, o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) classificou o fenômeno como “extremamente raro”, pois, segundo ele, a interrupção ocorreu por causa de dois eventos concomitantes. Um dos incidentes ocorreu no Ceará, afirmou ele. O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) ainda investiga o ponto onde teria ocorrido a outra falha.

"O que aconteceu hoje, é importante dizer, é extremamente raro", afirmou o ministro. "O ocorrido hoje absolutamente nada tem a ver com o planejamento do sistema e a geração de energia", afirmou. Durante a coletiva a jornalistas, Silveira comentou o post da primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, associa o apagão a privatização do sistema Eletrobras, mas não responsabilizou a empresa. "Um setor estratégico para a segurança alimentar, segurança energética, como o sistema elétrico de um país, na minha visão não deveria ser privatizado, deveria ter uma função estatal", afirmou.

Ele também comentou que a saída de Wilson Ferreira Júnior da presidência da empresa, que foi anunciada a noite de terça-feira (15), reforça que "a privatização fez mal ao Brasil".

No momento do apagão, o ministro estava no Paraguai, acompanhando a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas decidiu retornar ao Brasil.

O apagão desta terça foi considerado atípico pelos especialistas. Os reservatórios das hidrelétricas estão cheios, há número adequado de linhas transmissão. A queda de energia ocorreu às 8h30, longe do horário de pico.

O que mais intrigou foi o restabelecimento mais lento que esperado e a demora em explicar o que tinha ocorrido. O governo informou que as causas do apagão serão investigadas.