Nova York Cresce o consenso entre os analistas de Wall Street em relação a um aumento de 100 pontos-base na taxa Selic pelo Copom hoje, como forma de tentar trazer a inflação de volta aos trilhos, convergindo para a meta ajustada de 8,5% em 2003. Há, inclusive, uma corrente de analistas que já se prepara para um choque de juros do Banco Central (BC), em caso de ser deflagrada a guerra contra o Iraque.
O diretor de pesquisa para Mercados Emergentes da consultoria Credit Sights, Christian Stracke, acredita que o início de uma guerra forçará o BC a elevar a taxa Selic para mais de 30% ao ano. ''Seria um choque de juros temporário, que poderia durar de 30 a 60 dias, para conter as pressões sobre o câmbio e outros ativos'', disse Stracke à Agência Estado. Se for temporário, de no máximo dois meses, esse choque de juros não teria consequências graves sobre a relação dívida/PIB nem também sobre o crescimento econômico.
''Um nível de juros acima de 30% por somente dois meses poderia reduzir o crescimento em 0,25 ponto da estimativa do PIB, ou seja, não jogaria o Brasil em recessão'', explicou Stracke.
Para a reunião do Copom, ele espera um aumento na taxa Selic de 100 pontos-base, para 26,5% ao ano.
O diretor de pesquisa e de estratégia para Mercados Emergentes do ABN-Amro, Arturo Porzecanski, acredita que o BC precisará recorrer a um choque de juros apenas se uma eventual guerra contra o Iraque for prolongada e malsucedida. ''Mas não é esse o cenário-base que traça o mercado financeiro, que é de um conflito de curta duração e bem-sucedido para os Estados Unidos. Se ocorrer o contrário, haverá uma onda de pressão nos mercados financeiros que exigirá ações não somente do Brasil, mas de quase todos os países'', explicou.
Na opinião do gestor de Fundos da Discovery Capital Management, Rogério Chequer, seria um erro o Banco Central elevar a taxa de juros em antecipação a possíveis efeitos de uma guerra contra o Iraque. ''Há muitas incertezas e vários cenários em relação à situação de um Iraque. Não se pode colocar esses cenários já na reunião do Copom'', disse Chequer.