Bruxelas, Bélgica - A pesquisa sobre a teoria dos leilões e novos formatos de leilão deu aos economistas americanos Paul Milgrom, 72, e Robert Wilson, 83, ambos da Universidade Stanford, o Prêmio Nobel de Economia deste ano.

Modalidade de leilões, que rendeu Nobel a Milgrom e Wilson,  ganhou forte impulso com a internet nos anos 1990
Modalidade de leilões, que rendeu Nobel a Milgrom e Wilson, ganhou forte impulso com a internet nos anos 1990 | Foto: Andrew Brodhead/Universidade de Stanford/AFP

Grande parte das pesquisas sobre leilões se desenvolveram nos anos 1990, e a modalidade ganhou forte impulso na internet, não só em sites de compra e venda, mas em transações financeiras, afirmou Wilson em entrevista coletiva logo após receber o prêmio.

Leilões são usados hoje no mundo todo para vender espectros de onda de rádio, cotas de pesca, slots de aterrissagem em aeroportos e energia elétrica, entre outros produtos e serviços.

"Graças à rica teoria de Milgrom e Wilson é possível adotar novas formas para o benefício dos compradores, dos vendedores, dos usuários de serviços, dos contribuintes e da sociedade em geral", afirmou o professor de economia das universidades de Lund e Estocolmo, Tommy Andersson, especialista no assunto. Os premiados recebem 9 milhões de coroas suecas (R$ 5,65 milhões).

Wilson, que contou que sua mais recente compra num leilão foi um par de botas de esqui, disse que guardaria o dinheiro para sua família. "Com a pandemia do coronavírus, não há muito o que fazer. Não se pode viajar", afirmou.

Popularmente chamado de Nobel de Economia e com o mesmo prestígio que os de outras áreas, o prêmio de ciências econômicas é o único que não fez parte do testamento de Alfred Nobel (1833-1896), um engenheiro e químico sueco, conhecido por ter inventado a dinamite e desenvolvido a borracha e o couro sintéticos.

Um ano antes de morrer, Nobel destinou 94% de sua fortuna de 31 milhões de coroas suecas (equivalente a R$ 1,1 bilhão nos dias de hoje) à criação de um prêmio que reconhecesse anualmente "o maior benefício à humanidade" nas áreas da química, física, medicina, literatura e paz.

Criado em 1968 pelo Banco Central da Suécia (Sveriges Riksbank), ele tem o prêmio de economia tem o nome oficial de Prêmio Sveriges Riksbank em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel.

É concedido pela Real Academia Sueca de Ciências, de acordo com os mesmos princípios dos Prêmios Nobel originais, que são atribuídos desde 1901. A candidatura é feita apenas por convite e, por regulamento, os nomes dos indicados e outras informações sobre as indicações não podem ser revelados até 50 anos depois.

Podem indicar nomes para o Nobel econômico membros da Real Academia de Ciências da Suécia, do comitê do prêmio, ex-premiados, acadêmicos escandinavos e de pelo menos outras seis instituições selecionadas a cada ano e outros cientistas de quem a Academia de Ciências considere adequado solicitar propostas.

O premiado é escolhido pela Academia de Ciências, a partir das recomendações do Comitê do Prêmio de Ciências Econômicas, composto por cinco membros.

A reunião em que os vencedores do Nobel são definidos ocorreu com mudanças em 2020; para evitar contaminações, foi dividida em encontros menores, a partir dos quais foram feitas as escolhas. Os premiados deste ano não irão a Estocolmo para receber o prêmio.