Imagem ilustrativa da imagem Alvorada do Sul quer protagonismo no mercado de peixes
| Foto: Ari Dias/AEN

Em 2020, a produção de peixes cultivados no Brasil somou 802.930 toneladas e gerou uma receita de cerca de R$ 8 bilhões, segundo dados da Peixe BR (Associação Brasileira da Piscicultura). O país ocupa hoje o posto de quarto maior produtor mundial de tilápia, espécie que representa 60% da produção nacional, e a piscicultura emprega um milhão de pessoas direta ou indiretamente. De olho nesses números e no potencial de expansão do mercado, a Cocari (Cooperativa Agropecuária e Industrial) e a indústria de alimentos Aurora estabeleceram uma parceria para fomentar a produção de tilápia na Região Norte do Paraná. Juntas, irão administrar o frigorífico para abate e processamento de peixes construído em Alvorada do Sul, na Região Metropolitana de Londrina.

A obra está pronta e tem área construída de 1,1 mil metros quadrados, com capacidade de abate de 40 toneladas/dia. O projeto foi executado com recursos públicos liberados pelos governos federal e estadual e contrapartida do município. No total, foram investidos mais de R$ 8 milhões, segundo o prefeito de Alvorada do Sul, Marcos Voltarelli.

O frigorífico deve começar a operar entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022. Mas nesta quinta-feira (22), uma solenidade foi realizada para marcar a parceria entre a Cocari e a Aurora. O evento contou com a participação do governador do Paraná, Ratinho Junior. “Qualquer lugar do mundo só vira uma potência quando descobre o que faz de melhor. No Paraná, o que sabemos fazer de melhor é produzir alimentos. Hoje, exportamos comida para centenas de países, mas nosso maior desafio é ir além do grão da soja e do milho, industrializando esses alimentos. O Governo tem a responsabilidade de incentivar a criação de um ambiente que amplia a indústria de transformação. Quando conseguimos construir toda a cadeia produtiva, geramos emprego e produzimos com valor agregado”, comentou o governador.

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| Foto: Ari Dias/AEN

A Cocari venceu a concorrência pública conduzida pelo município e ganhou a concessão para operar o frigorífico por um período de 30 anos. A cooperativa irá fomentar a produção nos tanques escavados, fornecendo a ração, os peixes e outros insumos e fazendo a integração com os produtores. A Aurora irá comercializar a produção, fazendo os peixes abatidos e processados na unidade de Alvorada do Sul chegarem até o mercado consumidor.

Segundo o presidente da Cocari, Marcos Antonio Trintinalha, o início do projeto de expansão da cooperativa para a piscicultura começou em 2018. “Quando descobrimos essa obra, eu vi que poderíamos realizar esse sonho”, comentou. “Na Cocari, queremos buscar aquele produtor para agregar valor à sua propriedade e para que ele possa viver melhor no campo. Nossa cooperativa nasceu há 59 anos em Mandaguari, e hoje temos em torno de 8,7 mil associados no Paraná”.

PRODUÇÃO

Inicialmente, o frigorífico irá operar com uma capacidade de 18 toneladas/dia e a unidade deve gerar 400 empregos diretos. A expectativa do município é de expansão da piscicultura nas pequenas propriedades, abrindo outras centenas de vagas de emprego no campo. De acordo com o prefeito, 30 produtores já fizeram cadastro para o estudo de viabilidade técnica para tanques escavados. O estudo é feito pela Cocari e o município irá pleitear junto ao governo do Estado apoio para a construção dos tanques, como hora-máquina, óleo diesel e pacote de energia solar. “O frigorífico deve gerar mais de 400 empregos nas propriedades rurais. Vamos atender produtores não só de Alvorada do Sul, mas de outras cidades em um raio de cem quilômetros de distância”, destacou Voltarelli.

Dados do governo estadual apontam que o Paraná produziu 172 mil toneladas de peixes em 2020, representando 21,4% do total brasileiro, que ultrapassou as 802,9 mil toneladas. Do total de pescados produzidos pelos piscicultores paranaenses, 166 mil toneladas foram de tilápia, volume que corresponde a 34,1% da tilápia produzida no Brasil. O crescimento ante 2019 foi de 13,5%. O Valor Bruto da Produção da aquicultura paranaense, em 2019, atingiu R$ 983,5 milhões, correspondendo a toda a produção agropecuária do Estado. Nesse universo, a tilápia representa 0,67%.

“A expectativa é grande. Com o frigorífico, colocamos o município no protagonismo do mercado de peixes do Paraná e, com isso, vamos atrair outras indústrias de subprodutos, vamos atrair outras atividades”, disse o secretário municipal de Aquicultura e Pesca de Alvorada do Sul, Valteir Bazzoni, O prefeito lembrou que, em 2013, Alvorada do Sul chegou a ocupar o posto de sétimo produtor de peixes do país. A produção foi afetada pela crise em 2018 e em 2019 e agora começa a retomada. “O peixe é o terceiro produto do município. Só perde para os grãos e o frango.”

“Há alguns anos, a produção de peixes cresce a 10% ao ano no país e, nos próximos 20 anos, a expansão vai ser ainda maior, impulsionada pela baixa na pesca extrativa. A produção em cativeiro cresce e a estatística é muito favorável”, ressaltou Bazzoni.

APOSTA

O produtor de tilápia Luiz Henrique Fernandes ingressou na piscicultura em 2005 e, atualmente, produz cem toneladas por mês em Alvorada do Sul. Hoje, 90% dos peixes que cultiva vão para a Ceagesp, em São Paulo, e para pesqueiros. Com a implantação do frigorífico, avalia ele, a produção do município e região será completa. “Não existe cadeia alimentícia que seja completa. Produzimos alimentos, mas precisamos que seja atendido e isso não acontecia. A produção do município e região não fica aqui, vai embora, e o produtor fica descalço nas mãos de um mercado incerto. Com uma unidade de abate, a cadeia está fechada e dá segurança para produzir. Faltava isso para que a piscicultura desse um grande salto.”

O governador Ratinho Junior destacou a liderança do Paraná na produção de nacional de frango e da expressividade da produção estadual de suínos e disse que os incentivos na piscicultura irão contribuir para consolidar a liderança do mercado de pescados. “É uma indústria importante porque, além de dar emprego na sua parte fabril, ela também acaba tendo um desenvolvimento social e econômico nas propriedades. A grande maioria das propriedades do Paraná é pequena, então, você acaba valorizando, dando mais uma renda para o agricultor familiar.”