Impulsionado pelo aumento da preocupação com a saúde e a estética, o mercado de suplementos alimentares só cresce no Brasil. Em 2020, durante a quarentena, as vendas desses produtos subiram 48%, segundo a ABIAD (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres). Boa parte dessa demanda foi gerada por pessoas que queriam aumentar a imunidade em meio à crise sanitária, mas 42% do total buscavam um reforço na alimentação.

A avidez dos consumidores pelos suplementos alimentares coloca o Brasil na terceira colocação do ranking mundial do setor, atrás apenas dos Estados Unidos e da Austrália. E estimativas da Brasnutri (Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais) indicam que esse mercado ainda guarda um enorme potencial de expansão, devendo atingir um faturamento nacional de R$ 5 bilhões em poucos anos. No mundo, a previsão é que em 2025 as vendas de suplementos alcancem os US$ 252 bilhões.

A quantidade de marcas disponíveis no mercado acompanha o ritmo de crescimento do público consumidor, mas em meio a essa variedade enorme de produtos, nem tudo o que está nas prateleiras das lojas especializadas entrega o que promete. Embalagens com conteúdo em desacordo com as especificações do rótulo ou com concentrações abaixo do informado pelo fabricante são comuns e os prejuízos ficam para os lojistas e o consumidor final.

Para auxiliar os revendedores de suplementos a separarem o joio do trigo nesse universo ainda deficiente quando o assunto é fiscalização e controle, o estudante do curso de bacharelado em educação física da UEL (Universidade Estadual de Londrina) Alan Kowalski uniu-se ao proprietário de uma loja de suplementos Felix Bonfim e juntos, criaram a Coopenutri, uma cooperativa de revendedores do segmento de suplementação alimentar que tem como uma de suas principais funções avaliar as marcas existentes no mercado por meio de laudos feitos a partir de amostras encaminhadas a laboratórios certificados. Todas as etapas do processo, desde a compra até a emissão do laudo, são documentadas para atestar a lisura da avaliação.

Thiago Spiri Ferreira e Alan Kowalski
Thiago Spiri Ferreira e Alan Kowalski | Foto: Divulgação

O projeto foi desenvolvido com o apoio da Intuel (Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da UEL) e em poucos meses já conta com a adesão de 423 lojistas do Brasil que pagam um valor mensal entre R$ 49,90 e R$ 69,90 para ter acesso a informações detalhadas sobre os produtos que comercializam. Assim, eles ganham maior credibilidade ao mesmo tempo em que restringem o mercado para empresas sem idoneidade. Os fabricantes, por sua vez, pagam uma comissão de 5% para que seu produto seja incluído no aplicativo. “A ideia inicial do aplicativo era centralizar os laudos ilustrados e bem detalhados para consulta dos lojistas, ranquear os produtos, possibilitar a compra cooperada de suplementos e fazer a qualificação dos revendedores com vídeo aulas”, contou Kowalski.

Diante da enorme aceitação dos revendedores, no entanto, o projeto cresceu e já conta com outras funcionalidades. A partir deste mês, os produtos com laudo positivo receberão um arquivo com o selo da Coopenutri e uma tarja com um QR Code que poderá ser consultado pelo consumidor final. No momento, há cinco fabricantes na cooperativa, mas a expectativa é chegar a 20 em breve. “As marcas bem intencionadas querem estar com a gente. Queremos dar espaço para quem respeita o consumidor e sufocar quem não respeita. A proposta é nivelar, deixar o mercado competitivo. Atualmente, 50% das marcas não cumprem o que está no rótulo”, comentou Kowalski, que ainda planeja lançar uma marca própria de suplemento.

“Esse projeto era uma criança no início do ano e agora, poucos meses depois, já está correndo”, comparou o professor da disciplina de empreendedorismo do curso de administração e gerente da Intuel, Thiago Spiri Ferreira.

Segundo o professor, a ideia já chegou pronta à Intuel e coube a ele auxiliar na questão operacional e mercadológica. “Já está em um estágio bem evoluído. É uma startup, está replicando e escalando, com uma quantidade de usuários e lojistas. Está fazendo o selo, garantindo a qualidade e fazendo as negociações para que o selo seja implementado.”