Depois de três meses de queda, o preço da cesta básica em Curitiba surpreendeu e voltou a apresentar alta em agosto, de 1,06%, atingindo o valor de R$ 120,79. O aumento foi puxado principalmente por causa do óleo de soja, do feijão, da farinha de trigo e da carne. Os dados foram divulgados ontem pelo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese).
De acordo com o economista técnico do Diesse, Cid Cordeiro, os alimentos apresentaram bastante alta até abril deste ano, e por isto a expectativa é que o preço deles não tivese variação positiva. No acumulado do ano, o preço da cesta básica subiu 10,7%. ''É uma variação de quase 11%, sendo que a inflação no período deve ficar cerca de 5%. Não era para os alimentos registrarem esse fôlego de alta em agosto'', observou.
O produto da cesta básica que teve o maior aumento em relação a julho foi o óleo de soja, com 27,7%. O motivo para isso, segundo Cordeiro, foi o aumento do valor da soja no mercado internacional, o que fez com que a indústria exportasse mais grão e derivados, diminuindo a oferta interna. O feijão teve a segunda maior alta, de 7%, ocasionada pela queda na produção, já que os produtores não estavam conseguindo vender a um bom preço.
O terceiro item da cesta básica com a maior alta foi a farinha de trigo, por causa da variação cambial. ''Como o Brasil produz apenas 30% da farinha de trigo que consome, o produto sempre é influenciado pela alta do dólar'', disse Cordeiro. O preço da carne aumentou 6,2%, já que o período é de entressafra. ''Mas a alta só não foi maior por causa da redução do consumo'', avaliou o economista. Entre os produtos que apresentaram redução no preço em agosto estão o tomate (-19,5%), o leite (-5,8%) e a manteiga (-1,93). ''Por causa da grande oferta de leite e derivados, ocorreu a baixa nos preços'', explicou.
A ''maquiagem'' de produtos, que tiveram redução no volume sem redução de preço, deve provocar um impacto na inflação, segundo Cordeiro, mas bem pequeno, entre 0,1% e 0,2%.
Tarifas públicasSegundo levantamento do Dieese, as tarifas públicas e os preços admnistrados em Curitiba tiveram aumento de 19% no primeiro semestre deste ano. ''A variação de tarifas pressiona a inflação, o que faz com que o governo aumente os juros para desacelerar a economia e a inflação ficar na meta de 6%, o que não vai acontecer'', opinou Cordeiro.
De acordo com os dados do Dieese, uma família de quatro pessoas gastava no final do ano passado R$ 232,64 com as tarifas. Neste mês, o gasto subiu para R$ 277,07.