Agronegócio aumenta fatia do PIB de regiões a oeste do Estado
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sábado, 30 de dezembro de 2017
Fábio Galiotto<br>Reportagem Local
O agronegócio contribui para a interiorização do crescimento econômico, principalmente em anos de crise no setor produtivo, e fortalece três mesorregiões no Paraná. Quando analisado o avanço do PIB (Produto Interno Bruto) entre 2010 e 2015, a participação no total estadual da Noroeste, que conta com cidades como Umuarama e Paranavaí, foi a que mais cresceu no período, com 15,93%. Na sequência aparecem a Oeste, de Toledo e Cascavel, com alta de 15,61%, e a Centro Ocidental, de Campo Mourão e Engenheiro Beltrão, com avanço de 14,73%. Os dados são do último relatório do PIB por municípios divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Ao mesmo tempo, a RMC (Região Metropolitana de Curitiba) perdeu 11,13% de participação no bolo estadual no período. Porém, é preciso lembrar que a mesorregião cresceu, ainda que em ritmo menor, e segue como a mais representativa para a economia paranaense, com 41,91% de todos os recursos gerados em 2015 e um PIB per capita de R$ 41,6 mil. A perda de espaço se deve à maior dependência da indústria, do comércio e de serviços, setores que tiveram pior desempenho em anos de crise.
Entre as três mesorregiões que mais ganharam participação, o destaque fica para a Oeste. Além do segundo melhor avanço no período, as cidades da região também ficam com a medalha de prata no Estado em renda, com R$ 36,2 mil por habitante. "As três mesorregiões que mais cresceram têm algo forte em comum, que não é apensas a lavoura e a pecuária, mas a indústria e os serviços ligados ao agronegócio", diz o presidente do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), Julio Suzuki Júnior. A pujança do campo também se baseia no trabalho das cooperativas, que têm média de crescimento de dois dígitos ao ano em faturamento.
Por outro lado, ele afirma que a Capital tem menor espaço disponível para a instalação de grandes empreendimentos, diferentemente do que ocorre em cidades periféricas da RMC e por todo o Interior. "Londrina é uma grande cidade, mas tem áreas para incrementar a atividade industrial que Curitiba não tem mais", diz o presidente do Ipardes.
Para o consultor econômico da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Marcos Rambalducci, outro ponto relevante para mudança no cenário foi a instalação de universidades federais nas três regiões com maior ganho de participação. "São instituições que apoiam o avanço de todos os setores e permitem a melhora dos indicadores econômicos."
Rambalducci complementa que medidas de incentivo à instalação de indústrias no interior também foram importantes. "As cidades menores contam com o empreendedorismo crescente dos próprios moradores e o interesse de empresas atraídas pelo custo de vida mais baixo, pelo custo de mão de obra menor e pela maior qualidade de vida", cita. O ponto negativo é justamente a menor qualificação dos trabalhadores, que as universidades contribuem para amenizar.
DISCREPANTES
A maior participação do interior não esconde, porém, as grandes diferenças em desenvolvimento econômico no Estado. O maior PIB per capita da RMC, de R$ 41,6 mil, é quase o dobro do registrado do Norte Pioneiro, de R$ 22,1 mil. Mesmo assim, houve avanço de 6,8% na participação no bolo estadual na mesorregião de menor valor agregado.
A Norte Central, de Londrina e Maringá, continua com o segundo maior percentual no bolo do PIB, de 17,7%. Houve ganho na participação de 6,5% em cinco anos, mas o valor per capita é somente o quarto maior, com R$ 30,4 mil. Além da RMC, ficam à frente a Oeste (R$ 36,2 mil) e a Centro Oriental (R$ 34,2 mil).
Completam o ranking a Sudoeste (R$ 30,1 mil), a Centro Ocidental (28,5 mil), a Centro Sul (R$ 24,9 mil, a Noroeste (R$ 24,8 mil) e a Sudeste (R$ 23,3 mil).
A participação de Ortigueira no PIB (Produto Interno Bruto) paranaense cresceu 135,8% entre 2010 e 2015, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A Klabin, maior produtora e exportadora de papéis do País, anunciou em 2012 a escolha da cidade para a instalação de uma fábrica de celulose com investimentos de R$ 8,6 bilhões. A inauguração foi somente em junho de 2016, mas a geração de empregos e renda ocorreu antes, principalmente nos dois anos de construção.
Ortigueira representou 0,11% do PIB paranaense em 2010, ou R$ 247,6 milhões, e 0,26% em 2015, ou R$ 977,4 milhões. O impulso foi determinante também para o avanço em participação de 8,7% da mesorregião Centro Oriental, além de elevar a renda por habitante para R$ 34,2 mil, a terceira maior.
O resultado também mostra a importância da instalação de grandes empresas em uma região. "Precisa ser com um grande empreendimento, porque não dá para elevar consideravelmente o PIB sem um novo aporte de capital", diz o presidente do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), Julio Suzuki Júnior. Ele complementa que pequenas e médias empresas também são importantes por gerarem empregos, mas não apresentam o mesmo impacto inicial.
O consultor econômico da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Marcos Rambalducci, diz que o reflexo de instalação de um grande empreendimento é justamente fomentar a criação de pequenas e médias empresas. "Um exemplo é Curitiba, que teve a chegada de uma grande montadora de automóveis e recebeu várias pequenas empresas de peças e de serviços para apoiar a grande empresa."
Ibiporã é a cidade com mais de R$ 2 bilhões em PIB (Produto Interno Bruto) que mais ganhou participação no bolo paranaense entre 2010 e 2015, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A cidade teve o 25º maior crescimento, com 33,7%, ao passar de 0,52% (R$ 1,1 bilhão) para 0,69% (R$ 2,6 bilhões) no período. É o maior avanço na RML (Região Metropolitana de Londrina).
Cambé vem na sequência, com alta de 19,7%. O desempenho da cidade foi de 0,78% do PIB (R$ 1,7 bilhão) em 2010 para 0,94% (R$ 3,5 bilhões) em 2015. Rolândia também teve variação positiva de 11,4%, ao passar de 0,55% (R$ 1,2 bilhão) para 0,61% (R$ 2,2 bilhões).
Londrina, por outro lado, perdeu 2% de participação, ao passar de 4,81% (R$ 10,8 bilhões) para 4,71% (R$ 17,7 bilhões), no mesmo comparativo. Arapongas também teve recuo de 11,4% e foi de 1,16% (R$ 2,6 bilhões) para 1,03% (R$ 3,8 bilhões).
O presidente do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), Julio Suzuki Júnior, afirma que cidades maiores e que funcionam como polos tendem a concentrar mais os serviços e comércio da região, setores que definharam durante a crise. "É um movimento natural nas regiões metropolitanas que os investimentos em indústrias sejam na periferia das grandes cidades, mas Londrina tem margem para incrementar o parque industrial também", diz. Ele conta que o PIB per capita londrinense é muito próximo da média estadual, apesar da tendência de, como segundo maior município, ter um valor mais alto.
O economista Marcos Rambalducci considera que foram justamente as cidades com maior crescimento no setor terciário que ganharam participação. "A indústria de Ibiporã cresceu 187% no período e o PIB, 123%", diz. Por outro lado, cita que a atividade avançou 51% em Londrina e o PIB, 77%. "A indústria faz com que o setor de serviços cresça e tem reflexo no comércio", completa.