Depois de amargar uma queda de 27,4% na produção industrial mensal em abril, o Paraná apresentou crescimento de 24,1% em maio na comparação com o mês anterior e é o Estado com maior crescimento no País, à frente de Pernambuco (20,5%) e Amazonas (17,3%). Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados nesta quarta (8). Em todo o Brasil, o crescimento na atividade industrial foi de 7%.

Imagem ilustrativa da imagem Agroindústria sustenta atividade industrial em meio à pandemia
| Foto: Cooperativa Integrada/Divulgação
Imagem ilustrativa da imagem Agroindústria sustenta atividade industrial em meio à pandemia

Para o economista da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná), Evânio Felippe, a atividade agropecuária, que representa 30% da matriz industrial do Estado, é a que mais contribuiu para a sustentação da atividade industrial nesse momento de pandemia. O fato de a indústria alimentícia se enquadrar como setor essencial e não ter paralisado durante a pandemia certamente fez com que os número não fossem tão negativos. Porém, o setor vem em um processo de crescimento desde o início do ano. De janeiro a maio, teve um incremento de 6,9% na produção.

Destaque também para a fabricação de coque e de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis, com alta de 9,3%, e de celulose, papel e produtos de papel, com aumento de 6,5% nos cinco primeiros meses do ano.

Mesmo assim, o Paraná apresenta queda de 18,1% na comparação com maio de 2019, e de 8,9% no acumulado de janeiro a maio, exigindo atenção do setor industrial. “O cenário que temos nesse momento, dois, três meses para frente, é incerto por conta da trajetória dos indicadores. Tivemos crescimento mensal de 24%, mas quando se olha o acumulado do ano, os indicadores são negativos e há uma tendência de queda pelo impacto da pandemia influenciando a atividade econômica do Estado do Paraná”, ressalta Felippe.

Além disso, o economista aponta para as medidas de restrição das atividades econômicas anunciadas recentemente pelo governo estadual - inclusive em Londrina -, que podem impactar diretamente nos resultados da atividade industrial. “Tudo isso pode acabar impactando a evolução da atividade industrial. Não se pode prever o comportamento futuro dos resultados.”

Os dados do IBGE mostram ainda que o setor automotivo, que é o segundo mais representativo no Estado, foi altamente impactado pela pandemia com a paralisação das atividades. O setor teve queda de 38,3% da janeiro a maio, juntamente com o de máquinas e equipamentos (-32,5%) e o moveleiro (-15,3%). “No ano passado o setor automotivo estava puxando o crescimento da atividade industrial. Esse ano foi totalmente o oposto”, salienta o economista da Fiep.

Setor é beneficiado pela exportação e pelo dólar

Além de estar enquadrado nas atividades essenciais e ser menos impactado pela crise econômica gerada pela pandemia, a agroindústria teve uma boa safra e tem se beneficiado do dólar alto e do mercado externo, que está comprador, afirma Nelson Costa, superintendente da Fecoopar (Federação e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná).

“Tivemos uma boa safra agrícola, e com isso houve um aumento do volume de produção. Agregado isso houve a melhoria da cotação do dólar em reais e com isso as exportações foram beneficiadas. O quarto ponto é em relação ao mercado externo comprador, principalmente a China. Tivemos um bom desempenho nas atividades de exportação de proteína animal, carnes, especialmente frango e suínos”, avalia.

Com indústria de ração para pets, peixes e bovinos, de suco de laranja e de derivados de milho no Estado, a cooperativa Integrada reporta bons resultados nesse primeiro semestre. Impactada pela sazonalidade e pelo aumento da demanda da fruta, o faturamento da indústria de suco de laranja da cooperativa teve um ‘boom’ de 60%. A indústria de derivados de milho, por sua vez, cresceu 70% na comparação com o primeiro semestre de 2019.

Haroldo Polizel, superintendente geral da Integrada, observa porém que essas atividades foram altamente impactadas pela exportação e pela alta do dólar. A indústria de rações, por outro lado, teve crescimento de 15%, e reflete mais a realidade do mercado. "O impacto desse momento no efeito dólar pode trazer reflexos significativos no faturamento."

Para o restante do ano, a expectativa é manter o ritmo de crescimento, pondera Costa. “Dentro de 15, 20 dias, vamos ter uma boa colheita de milho. Mesmo que tenha um período maior de isolamento, no nosso setor, tudo indica que o pior já passou. Não estamos vendo que isso poderá reverter o bom ritmo que estamos observando.”