O Show Rural Coopavel é considerado o primeiro grande evento de agronegócio do ano no País: visita da ministra Tereza Cristina está agendada para sexta-feira
O Show Rural Coopavel é considerado o primeiro grande evento de agronegócio do ano no País: visita da ministra Tereza Cristina está agendada para sexta-feira | Foto: Myckael Allan Kaefer/Coopavel


Cascavel - Os agentes financeiros acreditam que a ministra da Agricultura, Teresa Cristina (DEM-MS), anuncie as primeiras mudanças na política de crédito agrícola na próxima sexta-feira (8), quando está agendada a visita dela para o último dia da 31ª edição do Show Rural Coopavel, que começou na segunda-feira (4), em Cascavel. A expectativa é que o subsídio em juros seja substituído, cada vez mais, pelo auxílio governamental para o seguro rural.

Algum tipo de mudança também está previsto para a oferta de financiamentos na agricultura familiar, mas com diferenciação em relação aos médios e grandes produtores. Fatores como o baixo patamar da taxa básica de juros, a Selic, em 6,50% ao ano, contribuem para essa percepção. Outro ponto é a alteração nas taxas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para índices de mercado.

Diante dessa tendência e da maior confiança do setor empresarial como um todo após quatro anos de crise, a oferta de crédito e a expectativa de crescimento aumentaram substancialmente. O Sicredi praticamente dobrou o volume de recursos disponíveis para financiamentos, no Show Rural. Dos R$ 300 milhões disponibilizados em 2018, o valor saltou para R$ 550 milhões neste ano.

Já a Sancor Seguros planeja novas linhas para a produção, como para uva de mesa e para produção de vinhos, além de preparar o lançamento do seguro de renda ao agricultor. Com isso, projeta aumentar o faturamento em 30% neste ano em relação a 2018, depois de registrar alta de 25% sobre 2017.

Nenhum dos agentes entrevistados crava que a mudança ocorrerá já neste ano, mas citam a necessidade de previsibilidade também no setor e o fim do que chamam de subjetividade do Plano Safra. "O agronegócio é uma atividade rentável, lucrativa e que não precisa de subsídio direto. Precisa de financiamento, de prazos longos e de segurança e por isso o seguro é fundamental", disse o presidente nacional do Sistema Sicredi e coordenador do Conselho Especializado de Crédito da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Manfred Dasembrock. "Com inflação e juros baixos, a tendência é não ter tanta necessidade de subsídios", completou.

Para ele, o novo modelo deve pulverizar mais o acesso ao capital e a cooperativa quer aumentar a participação no mercado nacional. "Percebemos um aumento grande da procura por crédito no último trimestre do ano passado, depois das eleições, e existe uma grande capacidade do Sicredi para financiar", sugeriu, ao lembrar que a taxa de adimplência dos cooperados beira os 99%.

Para o gerente comercial de seguros agropecuários da Sancor do Brasil, Everton Todescatto, o subsídio nesse tipo de produto faz mais sentido por garantir o recebimento do agricultor em caso de quebra de safra. "Em caso de perda, isso evita aquelas renegociações intermináveis da dívida e permite que o produtor já vá a campo logo na sequência", disse.

Todescatto lembrou que isso implica em menor risco de inadimplência, o que tende a ter efeito sobre os juros. Por isso, cita que as cooperativas agrícolas tendem a insistir que os cooperados assinem uma apólice, o que evitaria até mesmo perdas para a entidade associativa. "O custo do seguro é equivalente ao de uma passada de fungicida e o agricultor acha o seguro caro, mas não pensa o mesmo da aplicação do fungicida", citou, ao apontar o custo da apólice em 6 a 7% do custo de produção que é definido pelo segurado.

A reportagem entrou em contato com a assessoria do Banco do Brasil, que é o maior financiador rural do País. Porém, os diretores da estatal anunciarão as expectativas sobre crédito somente na quinta-feira (7), em Cascavel.

A FEIRA
O Show Rural Coopavel é considerado o primeiro grande evento de agronegócio do ano no País. São 520 expositores em uma área de 720 mil metros quadrados, com apresentação das principais novidades em maquinário, tecnologia, técnicas de plantio e fomento do setor. A expectativa é que 250 mil pessoas passem pela feira nos cinco dias e que a movimentação financeira ultrapasse os R$ 2 bilhões. No primeiro dia foram 36,1 mil visitantes, segundo os organizadores.

*O repórter viajou a convite de um grupo de expositores da feira