Cerca de 12 funcionários de companhias aéreas realizaram protesto na frente do aeroporto Governador José Richa, em Londrina, pedindo o direito de voto na negociação de acordo coletivo de trabalho. Eles reclamam que o sindicato da categoria, o SNA (Sindicato Nacional dos Aeroviários), não aceitou um acordo com a Gol, mas esses aeroviários queriam votar para decidir isso.

Imagem ilustrativa da imagem Aeroviários fazem protesto no aeroporto de Londrina
| Foto: Gustavo Carneiro

Para Ana Rosa Teixeira, uma das organizadoras do protesto, esses 12 funcionários representam 40 funcionários que atuam na cidade. Ela argumenta que outros sindicatos de aeroviários optaram pelo acordo com a Gol e não tiveram demissões, como o Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre e o Sindicato dos Aeroviários de Pernambuco. Segundo ela, o Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos, com abrangência municipal, realizou a votação com os aeroviários e rejeitou a proposta da Gol. O SNA (Sindicato Nacional dos Aeroviários), com sede no Rio de Janeiro, representa aeroviários de mais de 40 cidades.

“Esse protesto está sendo feito pelos aeroviários não só de Londrina, mas de várias cidades do Brasil, entre elas Maringá, Foz do Iguaçu e Florianópolis. Reivindicamos o direito de voto junto ao SNA. Os outros sindicatos fecharam acordo com a Gol e não houve nenhum desligamento até agora”, destacou Teixeira.

De acordo com Teixeira, a Gol propõe redução de jornada de trabalho, algumas reduções salariais, mas não a redução da hora/salário. “Esse é um reajuste que precisa ser feito até pela saúde da empresa, que precisa ajustar o caixa dela. A Gol aguardou bastante, fez contraproposta e encerrou o prazo para negociação, mas o sindicato não aceitou o acordo. Devido a isso a empresa emitiu comunicado que será necessária a redução da força de trabalho e consequentemente a demissão em massa. Nós estamos reivindicando o direito de votar se a gente quer o acordo com a empresa ou não. Nós temos o direito de decidir. Nós temos voz. Deixe-nos votar. É algo simples. É um direito nosso. A gente entende que é uma situação mundial e não permite que as coisas sejam como era há pouco tempo”, declarou.

Teixeira relatou que aeroviários de outras companhias não participaram do protesto, porque já foram afetados e suas companhias já demitiram.

Em nota, o SNA ressaltou que em momento algum teve postura intransigente nas negociações. “Ao contrário da empresa, que sempre quis impor suas vontades com o falso argumento de que não pretendia demitir. Dirigentes sindicais deixaram claro aceitar redução de jornada e demais propostas apresentadas pela Gol, caso empregos fossem garantidos. A negativa da companhia aérea em assegurar esta reivindicação é a prova de que as demissões já estavam previstas”, diz a nota. “Fica comprovado o motivo pelo qual a empresa nunca quis incluir a garantia de emprego nas cláusulas do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho): para poder demitir no Brasil inteiro”, destacou o comunicado.

Segundo o SNA, a entidade "manteve sua postura de defesa dos direitos da classe trabalhadora enquanto vários gestores da Gol incitam profissionais a acreditarem que a responsabilidade das demissões em massa é dos sindicatos que buscam garantir os direitos da categoria." “A direção do SNA lamenta que a empresa apele para a deturpação da realidade, com o objetivo de penalizar os trabalhadores com as demissões e retiradas de direitos.” De acordo com a SNA, a Gol “deixou a máscara cair”, quando no dia 13 de agosto, anunciou em comunicado interno que as demissões vão ocorrer.

A SNA ressaltou que se o acordo coletivo fosse assinado, profissionais que fossem lesados pela proposta da Gol não poderiam acionar a justiça posteriormente, pedindo seus direitos garantidos por lei.

A reportagem ligou para a assessoria de imprensa da Gol, mas ninguém atendeu as ligações.