Um acordo comercial que obrigue a China a adquirir produtos agrícolas dos Estados Unidos pode ser muito ruim para o Brasil, avalia o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

A discussão acontece no âmbito das negociações da guerra comercial entre os dois países e prevê um compromisso de compras de US$ 30 bilhões a US$ 50 bilhões de fornecedores do agronegócio norte-americano.

Castro acredita que a China deve resistir ao máximo a um acordo que "a coloca numa camisa de força". Por outro lado, o governo Donald Trump é pressionado pelos agricultores - uma parcela importante entre os eleitores do atual titular da Casa Branca -, que já reclamam subsídios como alternativa a um fracasso do acordo.

A negociação com os chineses é uma tentativa dos americanos de reduzir os impactos do acordo entre Mercosul e União Europeia, que isola o país ao dar prioridade aos produtos brasileiros. Os Estados Unidos e o Brasil são os grandes fornecedores mundiais de commodities agrícolas. A China é o principal destino dos cerca de US$ 100 bilhões exportados anualmente pelo agronegócio nacional.

"Se por acaso a China for obrigada a comprar dos Estados Unidos, aí o Brasil vai ficar com o resto. Os Estados Unidos vão colocar preços mais elevados. Claro que a China não quer um acordo que a coloca em uma camisa de força", disse Castro, durante o Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), no Rio.