O Brasil tem uma das cargas tributárias mais altas do mundo e a enorme quantidade de impostos pagos no país é apontada como o pior entrave ao crescimento econômico e a uma melhor qualidade de vida da população. Cada brasileiro trabalha cinco meses no ano apenas para pagar tributos. De 1 de janeiro a 25 de maio deste ano, já foram recolhidos R$ 1,226 trilhão em impostos, segundo dados do Impostômetro, o medidor estatístico que aponta em tempo real o volume de tributos pagos. No Paraná, esse volume chegou a R$ 684,2 bilhões no período e, em Londrina, são R$ 346,1 milhões.

Quando se fala em arrecadação tributária, um dos maiores equívocos de boa parte da população é imaginar que quem é isento do pagamento de taxas como o Imposto de Renda, IPTU, IPVA e ITBI, por exemplo, está livre do recolhimento. O que muita gente desconhece é que qualquer ida ao supermercado ou à farmácia implica pagamento de impostos. É sobre o consumo que incide a maior carga tributária, mas muitos sequer percebem porque o tributo está embutido no preço final do produto.

Para conscientizar a população sobre o montante pago em impostos no Brasil e chamar a atenção para a alta carga tributária, o Sescap-LDR (Sindicato das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações, Pesquisas de Serviços Contábeis de Londrina e Região) realizou, nesta quinta-feira (25), na avenida Saul Elkind (zona norte), o Bolo Tributário, ação que também tem como finalidade mostrar como os impostos deveriam ser aplicados em benefício dos contribuintes. No ranking dos países onde os tributos são revertidos em maior bem-estar à sociedade, o Brasil ocupa hoje a 30ª colocação. Os três primeiros colocados são Irlanda, Estados Unidos e Suíça, nesta ordem. O dia 25 de maio foi instituído como Dia Nacional do Respeito ao Contribuinte.

No local, foram expostos alguns dos itens mais consumidos pelos cidadãos e a taxa de imposto incidente sobre cada um deles. Do preço pago do feijão, 17,24% correspondem a impostos. Se o consumidor paga R$ 8 pelo quilo do produto, R$ 1,37 é em tributos. A taxação do leite é de 18,65%, do pão francês, 16,86%, dos ovos de galinha, 20,59% e do açúcar, 30,60%. Entre os itens de higiene e limpeza, a carga tributária também é elevada. A pasta de dentes é tributada em 31,37%, o sabonete, em 31,13%, e o sabão em pó, 40,80%. Mas nada se compara às bebidas alcóolicas. Quase 80% do valor pago por uma caipirinha vão para o pagamento de impostos. Sobre os medicamentos de uso humano são recolhidos 33,87% em tributos e na conta de luz, a taxação é de 48,28%.

“Quem tem uma renda maior, parte do orçamento vai para o consumo e o restante, para investimentos e poupança. Mas para quem ganha menos, o salário vai todo para o consumo e a carga tributária pesa mais porque o imposto é calculado na base de consumo. Um trabalhador que recebe dois salários mínimos, por exemplo, 54% vão para o pagamento de impostos”, disse o presidente do Sescap-LDR, Euclides Nandes Correia.

A reforma tributária da qual muito se fala, mas que se arrasta há anos, seria uma forma de aliviar o bolso da população. Duas propostas de emenda constitucional estão em discussão na Câmara Federal, mas segundo o presidente do Sescap-LDR, diminuir a carga tributária não tem sido a prioridade. “Da forma como está sendo conduzido o processo, não vai ter redução do custo, mas a simplificação do número de impostos. A redução da carga tributária não está no pacote, que trata da junção de impostos, da unificação.”