Na última quarta-feira (15), o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati, restabeleceu as medidas anteriores à quarentena imposta pelo governo do Estado para funcionamento do comércio até este domingo (19), quando pretende reavaliar a questão. Assim, comércio e shoppings puderam abrir, com restrições, mas praças de alimentação permanecem fechadas, funcionando apenas no sistema de delivery ou take away (retirada).

Imagem ilustrativa da imagem Abrasel critica proibição de funcionamento das praças de alimentação

A decisão desagradou os proprietários de bares, lanchonetes e restaurantes, que reclamam da falta de isonomia nas medidas de enfrentamento à pandemia, já que estabelecimentos de rua e praças de alimentação localizadas em supermercados podem funcionar.

A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) Londrina, argumenta que Londrina é a única cidade do Estado em que as praças de alimentação de shoppings não podem abrir. Além disso, Carlos Grade, diretor da entidade, coloca que as praças de alimentação de shoppings são ambientes mais controlados.

“O que a gente procura é só isonomia. Dentro de supermercados tem praça de alimentação e funcionando normalmente. Qual a diferença? Meu restaurante nem é em praça, e não pode abrir. Qual a diferença entre restaurante de rua e de shopping? Shopping é ambiente controlado, não tem aglomeração”, critica.

Maurício Morelato, superintendente do Boulevard Shopping Londrina, estima que cerca de 200 funcionários já tenham sido dispensados das lojas da praça de alimentação do empreendimento. Os lojistas se mantêm com concessões como a isenção de aluguel para os estabelecimentos que estão fechados e cobrança proporcional às vendas para os que funcionam em sistema de drive thru e delivery. “O sentimento dos nossos lojistas é de angústia e de confusão no sentido de que, até o momento, não entendemos o tratamento diferenciado entre operações de alimentação em shoppings, supermercados e rua, sabendo que nosso controle é muito rígido, muito mais que em outros locais.”

Grade calcula que 20% a 30% dos associados instalados nas praças de alimentação já tenham fechado as portas, e que mais de 60% possa não voltar a funcionar. Ele também estima 30% a 50% de demissões no setor como um todo. “Se o prefeito não olhar a situação com cuidado, com certeza teremos demissão em massa.”

Rafael Cândido da Silva era dono do Espaço Mineiro, que há oito anos funcionava na praça de alimentação de um shopping da cidade, mas precisou fechar as portas de vez dois meses depois de suspender o atendimento ao público. O restaurante tinha quatro funcionários, e agora Silva avalia a situação para decidir o que fazer em seguida. “Eu, como a maioria das microempresas, depende da venda. Você vai pagando fornecedor, shopping, e de repente tem que abaixar as portas, não tem mais como vender. Entrega não vai sustentar o negócio.”

Segundo o diretor da Abrasel Londrina, 80% dos associados já pegaram algum tipo de empréstimo do banco. O sistema de delivery e take away não sustenta os negócios, diz, já que os custos são altos e o retorno é baixo. Luis Fernando Nascimento Sardo, proprietário da Frutalle, afirma que o delivery representa apenas 10% do faturamento, e despesas fixas 50%. Ele já teve que dispensar 10% do quadro de funcionários. “O que salvou até agora foi a medida de suspensão de contratos, mas agora os recursos estão acabando. Os negócios só estão contraindo dívidas. Todo mundo foi para o banco, mas o crédito não está tão disponível quanto estão pintando.”