O dia tão esperado chegou. A Black Friday, adotada por muitos lojistas no país nesta sexta-feira (27), promete ser a melhor data do ano para o comércio, que foi atingido em cheio pela pandemia nas outras datas comemorativas do ano. Em entrevista à FOLHA, o economista e professor da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Cleverson Neves, analisa as tendências de compras e dá dicas para consumidores e comerciantes.

Para o consumidor não cair em dívidas e agravar ainda mais a situação de crise, economista recomenda cautela
Para o consumidor não cair em dívidas e agravar ainda mais a situação de crise, economista recomenda cautela | Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress

Segundo Neves, as pessoas costumam preferir o consumo necessário e de precaução. “Dado a instabilidade momentânea de rendimentos e salários por conta da pandemia, entendo que a grande maioria das pessoas alocou seus recursos no curto prazo para o consumo necessário e o que sobrar pouparão para precaução”, comenta.

É o caso da professora Nivalda Aparecida. Ela contou que está planejando repaginar sua casa e está na expectativa de conseguir bons descontos na Black Friday 2020. “Já faz um tempo que eu venho querendo trocar alguns móveis que já estão antigos. Quero arrumar a pia da cozinha, trocar algumas cortinas e talvez comprar uma televisão maior para a sala. Com o tempo as coisas vão desgastando e a gente quer deixar tudo arrumadinho de novo.”

Ao mesmo tempo, Nivalda expõe sua preocupação com os gastos no período de pandemia. “Eu sempre tive hábito de economizar, ainda mais agora com a crise econômica causada pelo coronavírus. Sempre tento pensar nas coisas que são primordiais primeiro. Entretanto, quando é possível comprar algo mais e vejo que tenho condição no momento, não penso duas vezes, ainda mais nessas épocas de descontos e promoções. A gente nunca sabe o dia de amanhã, precisamos fazer o que é possível e ‘nadar onde dá pé’, para não acabar em dívidas enormes sem ter como pagar”, explica a professora.

A Black Friday deste ano pode e deve ser vislumbrada por muitos empreendedores como uma excelente oportunidade para rever suas estratégias de negócios, aponta o economista. “As palavras que podem definir a Black Friday deste ano são mudança, inovação e facilidade. Será uma grande oportunidade para que os empresários inovem e revejam suas estratégias, dado o ‘novo normal’ que vivemos e viveremos pós Covid-19. As formas de nos relacionarmos mudaram, e tal mudança aponta para o avanço da TI via plataformas digitais. Elas devem oportunizar novos modos de relação com seus clientes e consumidores. A Black Friday deste ano é ímpar dado o atual momento. Pensar em novidades, facilidades, promoções e parcerias ajudarão muito as empresas alavancarem suas vendas.”

Para não cair em dívidas e agravar ainda mais a situação de crise, Neves recomenda cautela. “Busquem melhores prazos para pagamentos destas novas dívidas, analise se estes estão adequados ao seu orçamento, pechinche, usem as plataformas digitais pois elas facilitam muito as nossas pesquisas e buscas por produtos. Considere a importância de se organizar financeiramente antes de sair gastando por aí, pois satisfazer as suas necessidades ou a de seus presenteados não pode e não deve lhe tirar o sono ou trazer pesadelos. Seja consciente.”.

A quem vai aproveitar as oportunidades da Black Friday, ele recomenda ainda que não se esqueça de cuidar da saúde. “Comprem com segurança e comodidade, usem da agilidade e facilidade que as compras virtuais oferecem, e caso queiram ir até a loja comprar aquele produto que necessite experimentar, vá, só não esqueça de se cuidar. Use máscara, mantenha o distanciamento social, evite lugares muito aglomerados, e fique atento a sua segurança e dos que estão a sua volta”, aconselha.

Supervisão: Celso Felizardo, editor de Economia