Imagem ilustrativa da imagem 68% das indústrias do PR estão otimistas para 2021, diz pesquisa

As dificuldades impostas pela crise sanitária decorrente da pandemia do novo coronavírus em 2020 não abalaram o setor produtivo no Paraná. Após um início de ano turbulento, com interrupção das atividades fabris, demissões, suspensão de contratos e afastamento de funcionários e queda na receita, dezembro vai chegando ao fim mostrando que ao menos para uma boa parte dos empresários foi possível vencer os desafios e encerrar o ano com resultados positivos, elevando as expectativas para 2021. É o que mostra a 25ª Sondagem Industrial 2020-2021 – A visão dos líderes industriais paranaenses, realizada pela Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) e divulgada nesta quarta-feira (16).

Embora o nível de otimismo de 68,4% entre os empresários seja o menor em três anos - a média dos últimos 11 anos era de 69,2% - o dado sinaliza que o empresário industrial paranaense acredita que a economia e sua atividade estejam em uma trajetória de recuperação. A pesquisa foi realizada entre 15 de outubro e 26 de novembro e 12 mil empresas foram contatadas, com 271 respostas válidas. O índice de confiabilidade é de 95%, segundo o Observatório do Sistema Fiep, responsável pelo levantamento. “Esse dado está basicamente fundamentado no crescimento das vendas sinalizado por mais de 79% dos participantes”, destacou a gerente executiva do Observatório, Marília de Souza.

O índice de confiança na recuperação da economia brasileira é de 72,5% e, neste universo, 21,6% estimam que haverá uma superação do nível de atividade pré-crise e 8,9% acreditam em um forte nível de crescimento econômico. Os principais fatores que levam ao otimismo estão o crescimento das vendas, a abertura de novos mercados e a previsão de novos investimentos.

“A indústria do Paraná, pela sua diversidade, reage muito mais rápido, e isso é muito bom. E o Brasil, um país com potencial tão grande, também reage. Não esperávamos uma reação em V tão forte como nesse último trimestre. Então, nós temos uma expectativa positiva de entregar a carteira de pedidos agora e uma expectativa positiva de uma boa economia no ano que vem”, disse o presidente da Fiep, Carlos Valter Martins Pedro.

Investimentos

Entre os 69% de empresários que confirmaram a intenção de realizar investimentos em 2021, elencaram como prioridades a inovação e a melhoria de processos, produtos ou serviços, ampliação da capacidade produtiva, redução de custos e melhoria da qualidade. A maioria deles (59,6%) pretendem utilizar recursos próprios como fontes de investimento.

Para 27,5% dos entrevistados, no entanto, a perspectiva é de uma economia que continuará em crise e não descartam a possibilidade de piora no cenário. Os principais fatores que justificam o pessimismo são o aumento dos custos de matéria-prima, a redução das vendas e a restrição de novos investimentos.

Comércio exterior

O câmbio desfavorável e a possibilidade de atendimento por fornecedores nacionais fazem com que 59,9% descartem a possibilidade de realizar importações no ano que vem. Dentre as empresas que deverão importar, que correspondem a 40,1%, a intenção é adquirir insumos e matérias-primas, máquinas e equipamentos e tecnologia.

Vender para o mercado externo também não está nos planos de 67,7% das indústrias paranaenses que participaram da pesquisa. Para os 32,2% que estão de olho nas exportações em 2021, a cotação favorável do dólar e a perspectiva de ampliação de mercado são as justificativas mais frequentes.

As principais estratégias traçadas pelas indústrias do Estado para 2021 incluem o desenvolvimento de novos negócios (41,7%), a incorporação de novos produtos à linha (41,3%) e valorização da marca (31,2%).

A sondagem também quis saber quais os temas que os empresários consideram mais relevantes para o desempenho dos negócios da indústria em 2021. As reformas tributária, fiscal e administrativa, a desburocratização, o combate à corrupção, o acesso ao crédito e a política de enfrentamento à crise foram os mais citados.

“Estamos em um processo de recuperação em relação às perdas da Covid-19. São seis meses seguidos de crescimento positivo, o que gerou um otimismo. Esperamos iniciar, em 2021, uma trajetória positiva de crescimento”, avaliou o economista da Fiep, Evânio do Nascimento Felippe.

Setores cresceram apesar das adversidades

No início da pandemia, o diretor da indústria de alimentos saudáveis Jasmine, Rodolfo Tornesi Lourenço, conta que ficou apreensivo com o que estava por vir, mas foi surpreendido pelo crescimento do setor. O maior desafio, contou o empresário, foi garantir a segurança dos funcionários e foram feitos investimentos nesse setor. “O mercado nos propiciou crescimento de 20% sobre 2019. Investimos em inovação, conseguimos manter nosso atendimento em todo o Brasil e iniciamos as exportações para a América Latina”, disse o executivo.

Para 2021, a meta é intensificar as vendas ao mercado externo e manter o crescimento em dois dígitos. “Nossa previsão é bem otimista. A busca por alimentos que trazem benefícios à saúde cresceu.”

“Foi um ano atípico. Entre março e abril a expectativa era que fechássemos o ano 15% acima de 2019, mas fomos muito impactados pelos últimos cinco meses de faturamento. Nosso produto ainda está sendo muito afetado pela alta nos preços da matéria-prima. Os preços das embalagens subiram mais de 100% no ano. Os acessórios ligados ao dólar também tiveram alta de quase 70%”, avaliou o diretor comercial da Luciane Indústria Moveleira, Newton Vanucci.

Mesmo com todos os percalços, o setor moveleiro foi um dos que tiveram o melhor desempenho em 2020 e Vanucci contabilizou um “excelente crescimento”. “Apostamos em novos produtos para nos adequar à demanda da população, que tem ficado mais tempo em casa.”

A 25ª Sondagem Industrial 2020-2021 apontou que 58,9% dos industriais consideraram bom ou muito bom o desempenho neste ano e os resultados positivos, segundo eles, foram impulsionados pelo crescimento das vendas, abertura de novos mercados e novos investimentos. Os que avaliaram o desempenho ruim ou muito ruim somaram 14,8%. Para estes, 2020 se encerra como um ano de retração nas vendas, crise econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus e alta dos custos de matéria-prima.

“Na perspectiva dos industriais, o primeiro semestre foi relativamente menos difícil que o segundo, que apresentou piora em quase todos os fatores que condicionam a atividade produtiva. As maiores dificuldades foram o preço de venda, estoque, custos e aquisição de insumos nacionais e importados”, ressaltou a gerente executiva do Observatório Sistema Fiep, Marília de Souza.

Economista da Fiep, Marcelo Ivanildo dos Santos Alves destacou a recuperação apresentada pela indústria paranaense. Até fevereiro, lembrou ele, a indústria tinha um saldo positivo, mas veio a pandemia, parte das atividades produtivas foi suspensa e em maio houve uma retomada, mas ainda com saldo negativo. “Em junho a gente percebe o saldo positivo que se manteve a partir daí, o que mostra a recuperação.”

Segundo o estudo, 54,9% das empresas realizaram investimentos, 61,7% investiram na melhoria de processos, produtos e serviços, 52,3% ampliaram a capacidade produtiva e 39,1% injetaram recursos na melhoria da qualidade.