47% das indústrias paranaenses estão otimistas com 2024
Sondagem realizada pela Fiep aponta perspectivas do setor industrial em relação aos resultados deste ano
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 20 de fevereiro de 2024
Sondagem realizada pela Fiep aponta perspectivas do setor industrial em relação aos resultados deste ano
Simoni Saris - Grupo Folha
Quase a metade dos empresários da indústria paranaense apostam
no bom desempenho da atividade em 2024. Embora 74% deles tenham iniciado o ano
com expectativa de retração ou estabilidade na economia do país, 41% se dizem
otimistas e 6%, muito otimistas com os resultados de seus negócios. Os dados fazem parte da 28ª Sondagem
Industrial da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), divulgada
nesta terça-feira (20), em Curitiba.
Realizada há 28 anos, a pesquisa traz dados sobre
empregabilidade, internacionalização, disposição para investimentos, lançamento
de produtos, aposta em novos projetos e mercados e mudanças em processos e
serve de referencial para o planejamento de ações estratégicas pela federação
na defesa dos interesses da indústria do Estado.
Entre os fatores que levam otimismo ao setor, estão as
vendas (51%) e os novos mercados (50%), mas os custos totais de produção,
citados por 46%, e a mão de obra, apontada por 44%, ainda são aspectos que
preocupam os empresários da indústria paranaense.
Quando perguntados sobre a disposição para realizar
investimentos, 33% responderam que pretendem investir o mesmo que em 2023 e 26%
deverão aumentar o volume investido. Outros 24% afirmaram que deverão reduzir
os recursos injetados na atividade.
Os investimentos deverão priorizar a melhoria de processos,
produtos e serviços (55%), a redução do custo de produção (48%) e a prospecção
de mercados (47%). A valorização do capital humano aparece em sétimo lugar
entre as 11 categorias elencadas, com 23%.
A maioria dos industriais deverão utilizar recursos próprios
para fazer os investimentos, totalizando 61% dos entrevistados. Em segundo
lugar, com 21%, estão os bancos de fomento e desenvolvimento e os bancos de
varejo tradicionais aparecem na terceira colocação, com 12%.
Entre os temas relevantes para o desempenho dos negócios da
indústria em 2024, a conjuntura econômica nacional, com inflação, taxa de
juros, e variação cambial, é classificada como de alto impacto por 75% do setor
industrial, seguida pela agenda de reformas (58%) e corrupção (51%).
Sobre o comércio exterior, 46% esperam vender sua produção a
países estrangeiros. E quando questionados sobre os fatores que influenciam
positiva e negativamente as exportações, citaram o conteúdo tecnológico do
produto (83%) e o conhecimento dos mercados (82%) como os aspectos positivos e,
entre os fatores negativos, as taxas, burocracia administrativa, tempo de
fiscalização, despacho (84%), seguidas de leis, normas e regulamentos (72%).
Entre os 51% que pretendem importar, 65% citaram os insumos
e matérias-primas como o principal item a ser adquirido de mercados externos e
entre os fatores de influência para as importações, o conteúdo tecnológico do
produto foi o aspecto positivo apontado pela maioria (80%). Entre os fatores de
influência negativa, a burocracia aparece em primeiro lugar, com 83%.
A sondagem mediu ainda o desempenho das indústrias em 2023 e
39% dos empresários do setor avaliaram o ano como bom, seguido de 32% que
avaliaram o ano passado como regular. Apenas 14% consideraram 2023 um ano muito
bom. As vendas foram o aspecto mais positivo para 50% dos entrevistados e 57%
afirmaram que o desempenho no ano passado foi afetado negativamente pelos
custos de produção.
Os empresários citaram a gestão e a cadeia de fornecedores
como os pontos fortes da indústria paranaense, com 83% e 76%, respectivamente,
enquanto a burocracia e a carga tributária aparecem empatadas, com 84%, entre
os principais pontos fracos.
Ao comentar os resultados da sondagem, o presidente da Fiep,
Edson Vasconcelos, destacou que a segurança energética é um dos itens de maior
relevância e que a federação tem percebido a interferência direta desse fator em
seus projetos de melhoria de performance e de produtividade do empresariado
paranaense. “Não necessariamente na capacidade de geração de energia, mas sim
na transmissão da distribuição e das nossas subestações. A variação energética
e a falta de expansão para algumas regiões do Estado comprometem o crescimento
industrial e uma indústria semiautomatizada tem dificuldade de rodar pela
variação de energia e isso nos preocupa bastante.”
Outra preocupação da entidade é em relação ao custo
energético. O Brasil tem a sexta energia mais cara do mundo. “A carga
tributária em cima da conta de energia traz um empecilho muito grande para o
desenvolvimento brasileiro. Exemplo disso é que nós levamos ferro in natura
para a China e para outros locais do mundo e trazemos chapa para fazer parte da
industrialização de automóveis. O custo de energia é muito caro.”
O presidente da Fiep comentou ainda os problemas de
infraestrutura e logística enfrentados pelo setor produtivo paranaense. Uma das
fontes de preocupação é em relação ao pedágio. Os contratos anteriores
expiraram em 2021 e até agora não começaram as cobranças do novo sistema. “A
ampliação da malha traz uma expansão, uma democracia à infraestrutura, mas vai
gerar uma confusão sobre o preço por quilômetro rodado e o preço nas cancelas
já instaladas. A métrica, não necessariamente, vai acompanhar o desconto por
quilômetro rodado e quando a gente fala dos eixos de escoamento – Foz-Paranaguá,
Londrina-Paranaguá – o eixo do transporte talvez não tenha o desconto nominal
que se fala nas licitações. Mas precisamos que haja celeridade, inclusive há um
debate muito grande dentro da federação.”
Para tentar contornar os problemas de infraestrutura e
logística que persistem e acabam prejudicando o transporte da produção até
Paranaguá, o Conselho de Infraestrutura da Fiep vem se debruçando sobre
possíveis alternativas. “O Conselho estuda uma nova saída para a serra, uma
sequência da BR-101, ligando Garuva a Morretes, para termos um plano B quando
houver esses problemas na descida da serra.”
Rodada de fóruns temáticos começa em março no Paraná
Durante apresentação do resultado da 28ª Sondagem Industrial,
a Fiep também antecipou a programação dos Fóruns Regionais da Indústria, que
irão acontecer em todas as regiões do Estado, começando por Cascavel, no dia 15
de março, e Francisco Beltrão, no dia 22.
Esses eventos são um novo projeto da atual diretoria para mobilizar
os empresários do setor em todo o Estado. Com os fóruns, a Fiep visa a implementação
de diretrizes de uma nova política industrial para o Paraná, focada nas prioridades
de cada região. A federação aponta como uma das principais características o
engajamento da comunidade industrial, entidades parceiras e poder público no
sentido de fortalecer o processo de desenvolvimento do setor.
Nos fóruns, serão abordados temas que irão impactar a
atividade industrial nos próximos anos, como a mão de obra, a empregabilidade,
a infraestrutura, a energia logística, a inovação e a produtividade. “Vamos
debater os temas relevantes para cada região, com base nas perspectivas dos empresários”,
destacou o gerente de Desenvolvimento Industrial e Social da Fiep, Marcelo
Percicotti.
Em abril, os fóruns seguem pelo Norte e Noroeste do Paraná,
e se encerram em maio, com edições nos Campos Gerais e Região Metropolitana de
Curitiba.