O 13º salário a ser pago aos trabalhadores de Londrina deve injetar cerca de R$ 478,1 milhões na economia local neste final de ano, segundo levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). O valor representa 5,2% de toda remuneração que será paga à população dos 40 maiores municípios do Estado (R$ 7,6 bilhões). Em Curitiba, devem ficar R$ 3,7 bilhões, cerca de 40% do total.

85% do 13º salário dos brasileiros serão usados para pagamento de dívidas
85% do 13º salário dos brasileiros serão usados para pagamento de dívidas | Foto: Marcos Zanutto-29/01/2019

Para a realização do estudo, o Dieese leva em conta dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), ambos do Ministério da Economia.

No caso da Rais, a pesquisa considerou todos os assalariados com carteira assinada, empregados no mercado formal, nos setores público e privado, que trabalhavam em dezembro de 2018, acrescido do saldo do Caged do ano de 2019 (até setembro).

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. | Foto: Folha Arte

O Dieese explica que, devido à não disponibilidade de informações para o âmbito municipal, não foram considerados nos cálculos os seguintes segmentos: empregados domésticos com carteira assinada; beneficiários – aposentados e pensionistas do INSS; e aposentados e pensionistas do serviço público.

O levantamento destaca que apenas 3 dos 40 municípios, Curitiba (39,9%), Londrina (5,2%) e Maringá (4,8%) respondem por praticamente 50% do total do 13º.

Devido a mudanças na forma de declaração das informações por parte do INSS, o Dieese prefere não fazer comparações entre os valores pagos no ano passado e em 2019 no Estado e no País. Em Londrina, deve haver crescimento de 2,53%, já que, em 2018, o total do benefício foi de R$ 466,3 milhões. “Não temos pesquisa própria sobre essa questão, mas, de acordo com a Anefac, (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), 85% do 13º salário dos brasileiros serão usados para pagamento de dívidas”, afirma economista do Dieese, Fabiano Camargo da Silva.

De acordo com ele, o crescimento do montante a ser injetado na economia vai ser “muito menor” que em anos anteriores, devido à conjuntura econômica adversa. “Renda e emprego quase não estão crescendo, assiste-se ao avanço das ocupações precárias, o desemprego está alto e a informalidade batendo recordes”, aponta.

Presidente do Sincoval (Sindicato do Comércio Varejista de Londrina), Ovhanes Gava acredita que o 13º, somado à liberação de recursos do FGTS pelo governo federal e à decoração natalina da cidade, devem fazer com que as compras de fim de ano cresçam 5% em 2019. “Estamos orientando nossos filiados a investirem em propaganda e decorarem seus estabelecimentos. Vamos atrair consumidores de toda a região.”

O empresário lembrou que, em novembro, ainda há a Black Friday, dia 28, que já está aquecendo o mercado. “Logo depois, as lojas de ruas começam a ficar abertas à noite para as compras de Natal”, afirma.

Se as estimativas estiverem certas, os lojistas vão respirar aliviados porque as datas comemorativas de 2019, com exceção do Dia das Crianças (12 de outubro), tiveram resultados frustrantes.

EXPECTATIVA

Como todo ano, o 13º salário é esperado ansiosamente pelos trabalhadores. A copeira londrinense Marilene Cordeiro da Silva só vai receber meio benefício porque estava desempregada até o meio do ano. Mas o dinheiro será muito bem-vindo. “Estou terminando de trocar o piso da minha casa. Usei dinheiro da poupança. Com o 13º eu vou repor parte desse dinheiro que saquei.”

A auxiliar de cozinha Juliene Brigite: “O que vier eu vou gastar junto com meu marido"
A auxiliar de cozinha Juliene Brigite: “O que vier eu vou gastar junto com meu marido" | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

O porteiro Alcides Cândido de Souza vai gastar todo o dinheiro. “Tenho várias coisas para fazer, arrumar sofá, comprar uma geladeira nova e um fogão”, conta. Ele, que é casado há 50 anos e tem o mesmo emprego desde então, ainda tem PIS para receber em fevereiro.

O porteiro Alcides Cândido de Souza: "Vou arrumar o sofá, comprar geladeira e fogão"
O porteiro Alcides Cândido de Souza: "Vou arrumar o sofá, comprar geladeira e fogão" | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Até mesmo a auxiliar de cozinha Juliene Brigite, que começou a trabalhar há poucas semanas, está na expectativa pelo dinheiro extra. “O que vier eu vou gastar junto com meu marido.”

A copeira Marilene da Silva:  “Estou terminando de trocar o piso da minha casa"
A copeira Marilene da Silva: “Estou terminando de trocar o piso da minha casa" | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha