OS VILÕES
- PREÇOS AO CONSUMIDOR
Alguns economistas sustentaram que a inflação registrada no atacado apareceria, mais cedo ou mais tarde, nos índices de preços ao consumidor.
A inflação de fato subiu a partir de setembro, mas por outra razão: um conjunto de eventos isolados fez os preços subir. Foram diversos choques de oferta, ou seja, os aumentos não foram provocados por excesso de consumo, mas pela escassez de alguns produtos. Os principais foram os seguintes:
- PETRÓLEO
As importações brasileiras de petróleo encareceram não só por causa da desvalorização do real, que praticamente dobrou o custo de importação, como também pela alta dos preços internacionais do produto. A cotação do barril passou de US$ 11,00 para perto de US$ 27,00, em decorrência da ação do cartel dos produtores. Parte do efeito desses aumentos no mercado internacional não foi repassada ao consumidor, mas bancada pelo Tesouro Nacional.
Na avaliação do governo, os preços do petróleo no mercado internacional tendem a cair neste ano, passado o inverno no Hemisfério Norte. Além disso, os técnicos do governo apostam no esgotamento dos efeitos do cartel. Como os preços foram inflados artificialmente, por causa de um acordo entre os produtores, os técnicos do governo esperam que, em algum momento, alguém comece a vender petróleo ‘‘por fora’’ do cartel, derrubando os preços.
- ENTRESSAFRA
A estação seca no Brasil foi mais longa do que o esperado. Com isso, os preços dos produtos agrícolas e das carnes subiram. Na avaliação do governo, esse efeito começou a ser superado no fim do ano passado, e continuará no início de 2000, com o ingresso da safra agrícola.
- TARIFAS
Os preços das tarifas de energia elétrica precisaram ser reajustados no ano passado, em razão da desvalorização do real, que encareceu a compra da energia produzida pela usina binacional de Itaipu. Além desse aumento, houve o reajuste das tarifas de acordo com a variação da inflação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) - em cuja composição entram os preços no atacado. Ambos os aumentos estavam previstos nos contratos de concessão de serviços de energia elétrica. Em seu conjunto, os preços administrados (energia, telefone, combustíveis e outros) foram responsáveis por perto de metade da inflação medida no ano passado. Para este ano, na avaliação dos técnicos, os aumentos serão aproximadamente 50% menores do que os ocorridos em 1999.

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