Imagem ilustrativa da imagem O jogador brasileiro mais vencedor da Premier League
| Foto: JANOSCH DIGGELMANN/UNSPLASH

Vencer, conquistar títulos e destacar-se como recordista, como o maior vitorioso é, certamente, o desejo de dez entre dez jogadores e futebol. Vencer em seu país de origem e, então, conseguir reconhecimento no mercado internacional é a glória. Não são muitos os atletas que se destacam em diferentes ligas ou que fazem de um outro país a sua própria casa. Muitos são os fatores que se somam para determinar o sucesso de um jogador; adaptar-se aos hábitos locais e à própria estrutura do futebol praticado, são aspectos vitais para o êxito. Muitos jogadores simplesmente não se adaptam, somem nos novos cenários e, não raro, se transformam em verdadeiros nômades.

Na Premier League, o tão cobiçado campeonato inglês, são vários os brasileiros que se destacaram, especialmente nas últimas duas décadas. Nomes como Fernandinho, Rafael, Ederson, Gabriel Jesus, David Luiz, Gilberto Silva, Ramires, Willian, Alisson e Roberto Firmino – todos com passagem pela seleção brasileira, são figuras carimbadas por conta do talento e dos títulos conquistados, porém, nenhum outro brasileiro conquistou tantas ligas como Anderson, ex-meio-campista do Manchester United, hoje aposentado. Foram quatro canecos.

Anderson foi revelado pelo Grêmio e, desde sempre, considerado uma preciosidade. Aos dezessete anos foi o protagonista da clássica Batalha dos Aflitos. Ao marcar o único gol daquele jogo contra o Náutico, o Grêmio se tornaria o campeão da série B, no já distante ano de 2005. Não bastasse o título em disputa, a equipe do Grêmio terminou aquele combate com sete homens em campo, foram quatro expulsões. O Náutico desperdiçou duas cobranças de pênalti e viu Galatto, goleiro gremista, brilhar. Por essas e pelo gol redentor, Anderson se tornava o herói do jogo e, porque não, uma lenda. No mesmo ano, o jogador foi negociado com o Porto, de Portugal, destacando-se no clube lusitano como um grande meio-campista. Não demorou para que o gigante inglês Manchester United começasse a se mexer para ter o talento de Anderson à sua disposição. Com apenas dezenove anos assinou com os Red Devils, tornou-se amigo de Cristiano Ronaldo e passou a atuar como volante. Mas só a função em campo era mais recuada, sua performance só se qualificava. Foram treze títulos pelo Manchester United, incluindo a conquista de um mundial interclubes em 2008. Na Premier League foram quatro troféus de campeão.

Mas nem tudo é glória no mundo do futebol e, verdade seja dita, os interesses econômicos sobressaem-se à própria trajetória do atleta. Anderson, por exemplo, terminaria emprestado em 2014 para a Fiorentina, clube italiano no qual viu seu rendimento cair desastrosamente. Sem renovação com o Manchester United, voltaria para o Brasil em 2015 e pasmem, assinaria com o principal rival do clube que dez anos antes o revelara para o Brasil, o Internacional. Por lá, sua trajetória também deixaria a desejar e seria emprestado ao Coritiba, do Paraná. Contrato rescindido com o Inter, Anderson jogaria duas temporadas pelo clube turco Adana Demirspor e ainda com trinta e um anos encerraria a carreira. Algumas conversas de bastidores revelam que Anderson já tem como certa a sua contratação como dirigente pelo próprio Adana. Em tempo, cada vez mais jogadores saem das batalhas em campo para se tornarem dirigentes, e cada vez mais, dirigentes competentes. Edu Gaspar tornou-se dirigente no Corinthians, clube pelo qual jogou e foi campeão, inclusive um mundial em 2012. Hoje, Edu é diretor técnico do Arsenal, clube inglês. Outro exemplo de sucesso como dirigente é Raí, craque do São Paulo nas duas frentes, em campo e nos bastidores. Mais um exemplo, Alexandre Gallo. Como jogador pertencia àquela estirpe dos que sangram em campo pelo time, mas de técnica pouco apurada, como técnico realizou bons trabalhos, chegando a treinar seleções de base. Gallo também migrou para os bastidores. Finalmente, Renato, ídolo santista, campeão brasileiro em 2002 e 2004, é atualmente, diretor executivo de futebol no mesmo Santos de suas glórias no gramado. Portanto, não há novidade no fato de um atleta de futebol se tornar dirigente, mas assumir tal função num clube turco é, no mínimo, desafiador.

Em quatorze anos como profissional de futebol, Anderson também conquistou títulos pela seleção brasileira, Copa América em 2007 e um bronze olímpico em Pequim. Jogador de porte baixo, 1, 76 de altura, um gigante entre as quatro linhas desde as categorias de base, Anderson é o maior vencedor da Premier League entre os brasileiros, o que, em si mesmo, representa um feito e tanto. Como destacado anteriormente, adaptar-se a um novo país, às peculiaridades de sua cultura, idioma, estilo de jogo é tarefa das mais árduas, mas quem venceu nos Aflitos, vence em qualquer lugar do planeta.