Na La Dorni, o vinho é personagem central em uma viagem no tempo
Vinícola de Bandeirantes é pioneira na América Latina a produzir o vinho sem álcool. Ao todo, são mais de 15 variedades produzidas pela marca
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sábado, 25 de janeiro de 2025
Vinícola de Bandeirantes é pioneira na América Latina a produzir o vinho sem álcool. Ao todo, são mais de 15 variedades produzidas pela marca
Jéssica Sabbadini - Especial para a FOLHA

Conhecida por ser um pedacinho da Itália no Brasil, a vinícola La Dorni arranca suspiros de muitos, já que conhecer o castelo é como fazer uma viagem no tempo. A construção imponente pode remeter aos castelos dos contos de fadas para os mais românticos ou ao período medieval para os amantes de uma história que tem muito a contar. Um ponto turístico no coração da cidade de Bandeirantes, a vinícola reúne diversas opções de vinhos, dos clássicos ao sem álcool, que agradam os paladares mais aguçados, assim como é uma obra de arte a céu aberto na região norte do Paraná.
A vinícola La Dorni é referência quando se fala em unir o útil ao agradável, já que reúne o vinho, uma bebida presente na sociedade há milênios, com a história de um dos momentos históricos mais importantes para a sociedade: a Idade Média. O empresário e sommelier Jonathan Cristiano Martins explica que o castelo começou a ser construído em 2004 e é feito de pedras de arenito talhadas manualmente uma sobre a outra, tendo como inspiração as construções do período da Baixa Idade Média.

“Eram castelos fortes e de defesa. A gente aliou a questão histórica com a produção dos vinhos”, explica, ressaltando que a primeira parte da construção foi finalizada em 2011, seguida de outras obras de ampliação, como a do salão de festas. Apesar disso, a vinícola nasceu muito antes, no final da década de 1980, com o pai, que começou vendendo os vinhos produzidos no restaurante italiano da família de porta em porta.
Pioneirismo
Como o boca a boca é a propaganda mais importante, com a clientela aprovando e recomendando o vinho, o ‘boom’ no negócio veio nos anos 2000, quando a La Dorni passou a produzir a bebida sem álcool. Pioneira na América Latina, muito se engana quem pensa que o vinho sem álcool é apenas um suco de uva. “Ele é fermentado e, depois, o álcool é retirado. Ele mantém as mesmas propriedades do vinho”, conta. Martins explica que o vinho sem álcool tem 90% a mais de resveratrol do que o convencional, que são as substâncias benéficas ao organismo, ligadas principalmente à saúde cardiovascular.

Vinho canônico
A bebida fez tanto sucesso que chegou às mãos do Papa João Paulo II após uma visita dos bispos da região ao Vaticano. A comitiva levou um estojo de madeira com o vinho sem álcool, o que o Santo Padre achou uma ideia incrível, já que poderia ser uma opção para aqueles sacerdotes que não podem consumir o álcool. Hoje, ao todo, a vinícola conta com 15 diferentes tipos, incluindo os de mesa e os especiais.
Com isso, a Diocese de Jacarezinho autorizou a produção do vinho canônico pela vinícola La Dorni, que foi batizado de João Paulo II. A bebida passa pelo mesmo processo que o vinho convencional, a única diferença está na documentação, sendo produzido especialmente para as missas. “A igreja dá uma autorização para que a gente possa produzir esse vinho que pode ser consumido pelos padres nos rituais eucarísticos”, explica, detalhando que alguns desses vinhos podem ter um teor alcoólico maior ou menor e até mesmo ser sem álcool, o que fica a critério de cada sacerdote.
A história em cada cantinho
Com 2,5 mil metros quadrados de área construída e 45 metros de altura, a decoração do castelo também faz referência ao período medieval e a um estilo bucólico, com móveis antigos de madeira, espadas, barris e áreas subterrâneas. “Tudo remete a uma volta ao passado e à época dos castelos”, detalha.
A família do empresário tem raízes italianas, então nada mais justo do que o castelo ser um “pedacinho da Itália no Brasil”, já que as características da construção têm inspiração nos castelos da região da Toscana. Segundo ele, a vinícola também é uma homenagem a todos os imigrantes italianos que vieram para a região.
Com um castelo que agrada a vista e um vinho que aguça o paladar, a vinícola La Dorni é uma atração turística que engloba a história de uma bebida milenar com a história de toda a sociedade.
Uma opção turística para todos os gostos
A vinícola atrai os mais variados grupos de pessoas. Há aqueles que gostam do vinho e chegam até o local para conhecer o castelo e o local onde a bebida é produzida. Já outros vêm pela história, pela arquitetura e pela curiosidade de conhecer um castelo em terras bandeirantenses. Há também aqueles que visitam o Santuário de São Miguel Arcanjo e aproveitam para passar na vinícola, já que os pontos ficam a apenas dois quilômetros de distância. “As pessoas se surpreendem porque esse é o único castelo do Brasil com pedra de arenito esculpida”, conta.

No local, o turista pode conhecer todo o castelo e degustar os vinhos de maneira gratuita. Para a degustação guiada, são abertas as reservas para que as pessoas possam agendar e aproveitar um vinho e uma tábua de frios no terraço do castelo. “Eu vou explicando o que é cada vinho”, explica, ressaltando que é feita uma degustação mais técnica, começando pelos vinhos mais leves para os mais encorpados e finalizando com os espumantes. “É um evento leve, gostoso e muito interativo”, descreve.
Além de toda a parte gastronômica, as visitas também são uma aula de história, já que traz a bebida como personagem central em uma jornada através do tempo, destacando a importância do vinho durante os impérios, reinados e para a própria igreja. “O vinho não é só uma bebida. Ele traz todo um contexto histórico junto com ele”, esclarece.
Para os pequenos
A vinícola La Dorni é um espaço para toda a família e, por isso, uma série de eventos são realizados para os pequenos. No Natal, o castelo é todo iluminado e conta com a apresentação de corais natalinos, além do Papai Noel e de personagens do imaginário infantil, como o Mickey e a Minnie. Para o dia das crianças, a expectativa é de reunir as princesas para um encontro. “As crianças se transportam para o castelo que elas veem nos desenhos”, conta.

