Não tem nada melhor do que um almoço ou jantar caprichado com a família, ainda mais com uma salada com folhas crocantes, frescas e com a garantia de um alimento natural produzido com o maior cuidado. É pensando nisso que a Copel (Companhia Paranaense de Energia) investe há mais de uma década no Programa Cultivar Energia. Com 24 hortas estabelecidas e outras em implantação, a meta é oportunizar cada vez mais a produção de comida boa e saudável pela comunidade.

Luísa Nastari, superintendente de Governança e Sustentabilidade da Copel, explica que o Programa Cultivar Energia está ativo desde 2013 e nasceu do interesse em dar uma nova função para os trechos urbanos por onde passam as linhas de transmissão de energia. Diante do potencial, o objetivo foi criar algo produtivo e que pudesse beneficiar toda a comunidade que vive no entorno dessas áreas, além de ser uma forma de evitar que os pontos fossem utilizados para o descarte irregular de resíduos.

As verduras e legumes plantados nas hortas comunitárias em terrenos da Copel não recebem nenhum tipo de agrotóxico
As verduras e legumes plantados nas hortas comunitárias em terrenos da Copel não recebem nenhum tipo de agrotóxico | Foto: Divulgação Copel

“Buscamos unir as vantagens de fazer um programa social que atendesse o interesse da comunidade, assim como resguardar aquela área”, aponta. Com isso, as três primeiras hortas do programa ganharam forma em Maringá: no Parque Itaipu, na Cidade Canção e na Vila Esperança. Ela ressalta que para colocar o programa em prática, é feita uma parceria com as prefeituras dos municípios e com a comunidade.

Interesse da comunidade

Hoje, já são 24 hortas em dez municípios espalhados pelo Paraná. Na maioria das vezes, a comunidade é quem faz a solicitação. “E isso acaba gerando um maior pertencimento porque a comunidade quer a horta ali”, ressalta. Depois, o próximo passo é a preparação de todo o terreno, o que inclui a limpeza e a colocação de cercas. Atualmente, mais de duas mil pessoas estão envolvidas diretamente no projeto; indiretamente, o número de participantes dobra.

Com 24 hortas estabelecidas e outras em andamento, a meta da Copel é oportunizar a produção de comida boa e saudável pela comunidade
Com 24 hortas estabelecidas e outras em andamento, a meta da Copel é oportunizar a produção de comida boa e saudável pela comunidade | Foto: Divulgação Copel

“Os nossos técnicos de segurança vão lá para conversar com a comunidade, para dizer como deve ser o uso daquela área”, explica a superintendente de Governança e Sustentabilidade da Copel. A partir daí é feita a distribuição dos lotes para que cada uma das famílias envolvidas possa dar início à produção.

Por ficar sob uma linha de transmissão, é essencial que a comunidade siga algumas orientações no cultivo da horta, principalmente relacionadas à segurança, como a proibição do uso de fios metálicos para demarcar os canteiros e do plantio de árvores que ultrapassem os dois metros de altura.

Comida boa e saudável

As verduras e legumes plantados nas hortas comunitárias não recebem nenhum tipo de agrotóxico. Para a comunidade, contar com alimentos frescos, saudáveis e ao lado de casa não tem preço e faz toda a diferença na hora das refeições, pois as hortaliças deixam o prato mais verde e nutritivo.

Além de uma alimentação melhor e mais balanceada, as hortas geram renda para as famílias. “A gente sente que está fazendo a nossa parte ao ajudar a comunidade”, garante Luísa Nastari, ressaltando que a Copel, empresa que completa 70 anos em 2025, tem inúmeros projetos sociais, mas que o Programa Cultivar Energia é um dos que mais materializam o propósito que a companhia tem de transformar a vida da comunidade.

Com 24 hortas estabelecidas e outras em andamento, a meta da Copel é oportunizar a produção de comida boa e saudável pela comunidade
Com 24 hortas estabelecidas e outras em andamento, a meta da Copel é oportunizar a produção de comida boa e saudável pela comunidade | Foto: Divulgação Copel

Definindo o programa como um "‘ganha-ganha" para todos os lados, o objetivo é continuar expandindo e levando hortas para cada vez mais cidades. Até o mês de fevereiro, outras três hortas vão ser inauguradas em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

Referência nacional

O Cultivar Energia não só leva comida boa para milhares de pessoas, mas também é referência nacional no que diz respeito às ações em locais que possuem as torres e linhas de transmissão de energia na área urbana. Luísa Nastari afirma que a Copel recebe visitantes de outras empresas energéticas de todo o país para conhecer o programa. “Não é só o setor energético que tem espaços vazios, outras empresas também têm áreas que podem ser utilizadas dessa forma, então é uma referência”, ressalta.

O prazer de cuidar da terra

Em Londrina, três hortas estão a pleno vapor. A primeira foi inaugurada em 2023 às margens da Avenida Santos Dumont e a segunda na Rua Gago Coutinho, no Jardim Caravelle, em agosto de 2024. As duas hortas são coordenadas pelo autônomo Célio Kimura, 60, ao lado de outras 11 famílias, visto que os terrenos são separados apenas por uma rua. Com 3,3 mil metros quadrados, as hortaliças cobrem os canteiros com uma variedade de tons de verde. A terceira horta fica no Conjunto Parigot de Souza III, na zona norte de Londrina.

Célio Kimura coordena a equipe de 11 famílias que cuida de duas hortas na zona leste de Londrina
Célio Kimura coordena a equipe de 11 famílias que cuida de duas hortas na zona leste de Londrina | Foto: Jessica Sabbadini

A aprovação da comunidade é visível. Por vezes, chega a faltar verdura para a clientela. “Mesmo a gente colhendo e plantando todos os dias, a gente não consegue atender a demanda”, afirma Célio Kimura. Atualmente, em um intervalo de seis a sete semanas, as famílias conseguem produzir cerca de 30 mil pés de hortaliças.

Ali, a variedade é grande: são seis tipos de alface (crespa verde, crespa roxa, americana, lisa, mimosa e brunela), chicória, almeirão, couve, espinafre, rúcula, salsinha, cebolinha, manjericão, hortelã e outros tipos mais esporádicos, de acordo com o clima e com o pedido dos clientes, como a beterraba.

Para quem quiser aproveitar para comprar as verduras da semana, o horário de atendimento é das 7h às 12h e das 15h30 às 18h. O maior incentivo para continuar o trabalho vem da população, que compra, elogia e indica os produtos fresquinhos para amigos e vizinhos.

Com 3,3 mil metros quadrados, as hortaliças cobrem parte dos canteiros de área próxima ao Aeroporto de Londrina
Com 3,3 mil metros quadrados, as hortaliças cobrem parte dos canteiros de área próxima ao Aeroporto de Londrina | Foto: Jessica Sabbadini

Estar em contato com a terra é um dos prazeres de Benício Evangelista de Jesus, de 81 anos. Voluntário na horta há pouco mais de um ano, o aposentado faz de tudo um pouco: da venda ao cuidado com as mudinhas. “Eu adoro isso aqui”, afirma, ressaltando o apreço que tem pela terra e a aversão ao “cimento”.