A Uber, companhia multinacional que opera aplicativo de transporte em diversos países, divulgou pela primeira vez um relatório sobre casos de denúncias de abuso sexual nos Estados Unidos. Ao todo foram registrados 5.981 casos durante os anos de 2017 e 2018 no país em meio a 2,3 bilhões de viagens.

Empresa liberou voluntariamente os dados que mostram incidência de agressão sexual em suas corridas
nos Estados Unidos, e se compromete a divulgar relatórios a cada dois anos
Empresa liberou voluntariamente os dados que mostram incidência de agressão sexual em suas corridas nos Estados Unidos, e se compromete a divulgar relatórios a cada dois anos | Foto: Pixabay

A divulgação, que é resposta à pressão sofrida desde que os primeiros incidentes vieram à tona, mostrou que houve um crescimento de um ano para o outro. Em 2017 foram relatadas 2.936 ocorrências, enquanto em 2018 o número absoluto saltou para 3.045. Porém, a proporção com o total de viagens realizadas caiu 16% neste mesmo período.

O relatório ainda revela que, nestes dois anos, 19 pessoas foram mortas e outras 107 morreram em acidentes que envolveram veículos registrados na empresa. Os abusos sexuais foram divididos em três categorias: denúncias de estupros (464), tentativas de estupro (587) e beijos ou contato com partes íntimas ou tentativa de contato (4.930).

Mesmo com a queda das ocorrências em números proporcionais, a Uber afirma que ainda não é possível concluir que este fato seja uma tendência, dado o ineditismo do levantamento, e que 99,9% das corridas são encerradas sem problemas desta gravidade. A companhia se comprometeu em continuar tomando as medidas necessárias para a diminuição desses casos e afirmou que o relatório, divulgado voluntariamente, será feito a cada dois anos. Ainda não há previsão de levantamentos como esse para outras regiões em que a empresa atua.

Os acusados

Engana-se quem pensa que apenas os passageiros estão suscetíveis a eventuais abusos. Entre os quase seis mil casos, os motoristas representam 54% dos acusados. Já os passageiros receberam acusação em 46% dos casos. Entretanto, nas denúncias mais extremas, onde há penetração sexual sem consentimento, 99,4% dos vitimados estavam no veículo como clientes.

Pressão sobre os apps

A Uber foi criada em 2010 nos Estados Unidos e, desde então, tem expandido sua atuação pelo mundo. A alteração no sistema de mobilidade causou um alvoroço no mercado de transportes, resultando ainda no lançamento de diversos outros aplicativos concorrentes. O modelo surgiu como alternativa de locomoção de baixocusto e fez com que diversas pessoas deixassem o carro de lado na garagem.

Sem precisarem pegar no volante, os usuários passaram a otimizar o tempo no dia a dia. As horas que antes eram gastas exclusivamente com a atenção ao trânsito passaram a servir para reuniões de trabalho, leitura, resolução de pendências e até entretenimento, para os adeptos dos filmes, séries, games, jogos de cassino, entre outras formas de diversão.

A novidade trouxe soluções, mas também dúvidas a respeito de segurança, precarização do trabalho e regulamentação, principalmente na atuação nas grandes metrópoles. No Brasil, por exemplo, o debate foi tratado durante os primeiros meses de operação como uma briga entre taxistas e motoristas de Uber.

Recentemente, a empresa foi impedida de funcionar em Londres, na Inglaterra, por conta justamente de falhas na segurança. A Transport for London (TfL), agência que regula o transporte na capital inglesa, acusou a companhia de ser inapta para operar na cidade, embora outros aplicativos do ramo atuem normalmente na cidade.

É neste contexto de pressão que a Uber resolveu divulgar pela primeira vez o relatório sobre abusos sexuais e outras formas de violência. “A maioria das empresas não fala sobre questões como violência sexual, porque isso atrai manchetes negativas e críticas públicas. Mas achamos que é hora de uma nova abordagem", afirma Tony West, diretor jurídico da Uber.

Por agência de marketing digital emarket.