Presente em todos momentos, a engenharia está na sua casa, no seu computador, no seu celular e no alimento que vai parar na sua mesa. Com um papel fundamental, há 70 anos o CEAL (Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina) dá continuidade a um legado que começou em 1953. De forma voluntária, os profissionais do clube se reúnem para trazer um parecer técnico durante a tomada de decisões e ao longo de obras que fazem a diferença na vida dos londrinenses.

Presidente do CEAL, o engenheiro eletricista Brazil Alvim Versoza, 59, explica que o Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina nasceu em 1953 através da união de amigos e profissionais das engenharias. Inicialmente, o CEAL foi um espaço de lazer para reunir e aproximar os engenheiros da cidade. Como todos trabalhavam em Londrina, começaram através das profissões em que eram especialistas unir o útil ao agradável nessas reuniões.

Com os encontros, os profissionais começaram a criar intimidade para debater os problemas e as possíveis soluções para a cidade que viviam. A partir daí, o CEAL deixou de ser apenas um espaço de lazer e passou a ser uma entidade de classe voltada a debater assuntos importantes para Londrina. “[O CEAL] sempre teve essa vocação de estar contribuindo para o município”, afirma.

O presidente do CEAL, Brazil Alvim Versoza: galeria dos ex-presidentes da entidade
O presidente do CEAL, Brazil Alvim Versoza: galeria dos ex-presidentes da entidade | Foto: Jessica Sabbadini

Somando mais e mais profissionais ao longo dos anos, o CEAL saiu de 30, em 1960, para mais de cinco mil membros em 2024. Além de agregar profissionais, o clube também oferece a formação continuada para seus engenheiros e arquitetos, com cursos, palestras e workshops.

O presidente ressalta que a entidade vai completar 71 anos em 2024, caminhando junto com Londrina por muitas décadas em uma história que se mescla em vários momentos. “Londrina sempre consultou o CEAL para as decisões ligadas à engenharia e à arquitetura”, afirma.

Dentre os momentos que tiveram a contribuição do CEAL, o presidente destaca a criação do curso de engenharia civil da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e do Ipolon (Instituto Politécnico de Londrina) e a criação do Sinduscon-Norte PR. O CEAL também sempre esteve envolvido no aprimoramento dos planos diretores de Londrina, que são responsáveis por orientar a ocupação e o desenvolvimento urbano da cidade.

Há 42 anos atuando com projetos elétricos, o engenheiro Brazil Alvim Versoza explica que já entregou mais de 23 milhões de m² de projetos, sendo a grande maioria em Londrina. “Para mim é muito significativo participar da história de Londrina. Eu tenho um amor muito grande por Londrina, cidade que me deu condições de ser um profissional reconhecido nacionalmente na área de engenharia elétrica”, aponta. Segundo ele, fazer parte do CEAL é devolver um pouco de tudo o que recebeu de Londrina ao longo dos anos.

TRABALHO VOLUNTÁRIO

De forma voluntária, o CEAL é convocado para participar de reuniões e debates dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O CEAL participa do Fórum Desenvolve Londrina, Núcleo de Desenvolvimento Empresarial de Londrina, Comissão de Desenvolvimento e Infraestrura, Fundos para Projetos Estratégicos de Londrina, ICon – Governança de Inovação da Construção Civil, Londrina Inteligente – Governança de Smart City, Conselho Adiministrativo do Estação 43, além de diversos conselhos comissões municipais.

“Sempre vai ter um profissional que vai se dedicar, vai se colocar à disposição e vai dar um parecer técnico em diversas situações”, explica, citando que a duplicação da PR-445 teve a participação do CEAL, que ficou responsável por debater os projetos e as possíveis soluções para os problemas que apareceram ao longo da obra. Alguns profissionais do CEAL também fizeram de forma voluntária o projeto de restauração do Cine Teatro Ouro Verde, que é um monumento que carrega muito da história de Londrina.

ANÁLISE TÉCNICA

A importância do olhar técnico no desenvolvimento de uma cidade como Londrina é total, já que os profissionais conseguem auxiliar e orientar o poder público na tomada de decisões que vão impactar a vida de muitas pessoas. Dentre as discussões mais recentes, está a do projeto de lei que tornaria obrigatório a colocação de telas de segurança em todos os imóveis verticais de Londrina.

“Eu fui apresentar de forma técnica as dificuldades de colocar um projeto de lei desse em funcionamento, porque a tela não é normatizada”, explica, citando que, por não ter essa normatização, o engenheiro ou arquiteto não pode ficar responsável pela utilização do material, diferente da forma que acontece com a parte estrutural e de instalações. “O que eu levei para a Câmara [de Vereadores] é que a ideia era muito boa [porque fala em] preservar vidas, mas que o melhor era conscientizar as pessoas a colocarem uma tela de proteção quando fosse preciso, quando tem uma criança ou animal”, explica.

Pensando no futuro, Versoza aponta que as tendências para o setor da construção civil envolvem muito verde, assim como adoção de processos dinâmicos que otimizem a obra para que o produto final chegue mais rápido ao cliente. A meta do setor é construir mais e mais rápido com menos recursos, já que os desafios são grandes. “O [cenário] ideal é que a gente consiga, acabar com a população que vive à margem [da sociedade]. É um desafio porque ainda há muita gente que não tem uma casa para morar, que não come três refeições diárias, então todo mundo que busca um mundo melhor tem que buscar um mundo melhor para todos”, afirma.

Brazil Alvim Versoza e a cápsula do tempo, que será aberta em 2053, no centenário do clube
Brazil Alvim Versoza e a cápsula do tempo, que será aberta em 2053, no centenário do clube | Foto: Jessica Sabbadini

A Cápsula do Tempo, organizada no aniversário de 70 anos, no ano passado, reúne diversos pedidos para o centenário do clube, em 2053. Versoza detalha que escreveu uma carta para o presidente do CEAL daquele ano. “Eu procurei falar mais um pouco da situação que nós estamos vivendo hoje e dando os votos para que eles realmente consigam atingir os objetivos e que os profissionais estejam empenhados em dar contribuições para Londrina, para o Paraná e para o Brasil”, salienta ele.