O Paraná lidera uma estatística importante: é o estado com o maior número de doações por milhão de população (pmp) no Brasil. De janeiro a março, o Estado registrou 41,6 doações pmp, seguido por Rondônia (40,5), Santa Catarina (39,4) e Rio de Janeiro (26,9). A média nacional é de 19,1.

Os dados constam no Relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgão (ABTO), que mostram ainda que entre janeiro e junho de 2024, o Paraná registrou 648 notificações de potenciais doadores, resultando em 242 doações efetivas, o maior número de notificações registrado no estado.

Curitiba também alcançou o maior número de notificações e doações efetivas no primeiro semestre, com 234 notificações e 98 doações. Cascavel teve 148 notificações e 57 doações, Londrina 147 notificações e 41 doações, e Maringá 119 notificações e 46 doações.

Ainda assim, a ABTO mostrou queda nos indicadores nacionais, se comparados com os obtidos em 2023, quando o Brasil atingiu o número recorde de transplantes e, principalmente, com as taxas projetadas para 2024. Situação que reforça a importância de ações como o Setembro Vermelho dedicado ao esclarecimento e ao incentivo à doação de órgãos e tecidos.

A campanha foi instituída pela Lei estadual nº 18.803/2016 e define que durante o período, o Poder Público, em parceria com a iniciativa privada e entidades civis, poderá realizar campanhas de esclarecimento e incentivo à doação de órgãos e tecidos, visando implementar ações educativas para a população, desenvolvendo a consciência sobre a necessidade da ação. A legislação é de autoria do ex-deputado Nereu Moura.

Já a Lei estadual nº 18.583/2015, de autoria do ex-deputado Dr. Batista, estabeleceu a Semana de Conscientização da Doação de Órgãos e Tecidos, a ser realizada anualmente na semana do dia 27 de setembro. Na data é comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos. Entre os objetivos está o reduzir a desinformação entre a população sobre o tema, estimulando o gesto humanitário.

A nível nacional, a Lei federal nº 11.584/2007, instituiu 27 de setembro como o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Durante todo o mês, estados e municípios promovem campanhas dedicadas à conscientização e sensibilização sobre o tema

Família

O Paraná também possui a menor taxa de recusa familiar no País, segundo a ABTO. Houve ainda uma redução em relação ao ano passando quando foram 122 (27% das notificações) no primeiro semestre de 2023, para 103 recusas (25%) no mesmo período de 2024.

No Brasil, para ser um doador, é importante conversar sobre esse desejo com a família, que desempenha um papel de extrema importância nesse contexto, uma vez que a doação de órgãos só será feita após a autorização familiar.

A estimativa é de que praticamente metade das famílias entrevistadas pelas equipes de saúde rejeitaram doar os órgãos após a morte dos potenciais doadores. Entre as justificativas mais comuns, estão a incompreensão sobre a morte encefálica, questões religiosas e a rejeição em esperar por um prazo maior para entrega do corpo.

Os órgãos doados são disponibilizados para pacientes que precisam de transplantes e estão aguardando em lista de espera. A lista é única, organizada por estado ou região e monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

No Paraná, 3,8 mil pessoas aguardam por um transplante, sendo a maioria por transplantes de rim (2.134 pessoas), seguido por córneas (1.420), fígado (245), coração (41), rim/pâncreas (19), pulmão (10) e pâncreas (2).

Ferramenta

Para aumentar o número dos transplantes de órgãos no Brasil, uma nova ferramenta foi lançada esse ano. Trata-se da Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (Aedo), pela qual qualquer pessoa pode registrar em cartório — de forma on-line, rápida e gratuita — o desejo de doar os órgãos depois de morrer.

A nova ferramenta, que é resultado de uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Justiça e o Colégio Notarial do Brasil, permite que familiares consultem o sistema e saibam se o ente falecido desejava ser doador. Para fazer o registro, basta acessar o site da Aedo.