A audiência pública realizada na terça-feira (15), no Plenarinho Deputado Luiz Gabriel Sampaio, da Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), debateu ações afirmativas relacionadas à prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. A campanha Outubro Rosa acontece todo ano desde a década de 90 promovendo a conscientização sobre a doença, proporcionando maior acesso aos serviços de diagnóstico e contribuindo para a redução da mortalidade.

O evento teve como tema deste ano “Juntas na Luta Contra o Câncer de Mama” e foi uma promoção da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher em conjunto com a Procuradoria Especial da Mulher e apoio do Conselho de Ações Solidárias e Voluntariado da Assembleia Legislativa. Participaram médicos, especialistas, representantes do governo, do Ministério Público e de instituições que apoiam e dão suporte às pacientes com câncer e suas famílias.

Na abertura da audiência pública, alunas da Companhia de Dança Barak, de Curitiba, apresentaram uma coreografia com o tema: “ Mulher” e foi exibido o vídeo com a história e resultados dos 13 anos da Lei nº 16.935/2011, de autoria da deputada Cantora Mara Lima (Republicanos), que estabeleceu a Campanha Outubro Rosa como Lei no estado do Paraná.

VOZ DA POPULAÇÃO

A presidente da Comissão de Defesa dos direitos da Mulher, deputada Cantora Mara Lima (Republicanos) ressaltou que “a Campanha do Outubro Rosa existe em respeito às mulheres e nós, parlamentares, temos que ser a voz da população feminina em todos os aspectos. Existia o tabu que as mulheres não gostavam de fazer o autoexame, mas isso vem mudando com a Lei. A prevenção é o melhor remédio, por isso reunimos médicos e especialistas hoje, para desmistificar ainda mais isso. É uma doença grave e silenciosa e o nosso objetivo é chegar até essas mulheres e dizer: previna-se”.

“Nós temos no Paraná, eu acredito que também é algo inédito, um “mamamóvel”, um ônibus que vai até a área rural, vai nos presídios, vai onde essas mulheres não têm alcance aos exames. Mas ainda temos muito a conquistar, e com certeza a mulher na periferia precisa ser instruída, precisa entender que tem esse exame próximo da sua casa e ela precisa estar lá e tirar todo esse tabu e cuidar da sua saúde. Essa doença é um sofrimento terrível, muitas vezes por falta de um diagnóstico. Porque depois, o tratamento é muito mais caro. Com o diagnóstico precoce é quase que 100% as chances de cura. Por isso, a prevenção de verdade, o diagnóstico precoce é o caminho certo”, completou a deputada Cantora Mara Lima.

Para a procuradora especial da Mulher, deputada Cloara Pinheiro (PSD), “a campanha não pode ser somente no mês de outubro, deve acontecer o ano todo. Como dissemos durante a exposição aqui na Assembleia, na semana passada, outubre-se de janeiro a janeiro. Na Procuradoria da Mulher, quando falamos em mulher, a vemos como um todo. Nas questões da violência contra a mulher, dos cuidados, porque as mulheres cuidam de todo mundo e muitas vezes não se cuidam. Quando o assunto é o autoexame, muitas mulheres não se olham, não se tocam e quando falo em se tocar é para isso mesmo, literalmente, fazer o autoexame. Outra coisa, já falei outras vezes, o homem também pode ter câncer de mama, então o homem também precisa se tocar”.

DIAGNÓSTICO PRECOCE

A líder do Bloco Parlamentar Temático da Agricultura Familiar, deputada Luciana Rafagnin (PT), participou da audiência pública e ratificou a importância do diagnóstico precoce par salvar vidas. “Nós sabemos que o diagnóstico precoce propicia uma cura de mais de 90% dos casos de câncer de mama. Então, é importante que todas as pessoas, homens ou mulheres, a gente fala mais da mulher que sabemos que o índice é maior façam o autoexame. Nos preocupa muito que às vezes é difícil chegar a informação ou cuidado até todas as mulheres, imaginem para as mulheres do campo. Existe um estudo que observou a relação do câncer de mama com o uso de agrotóxicos. E isso é assustador. Muitos dos casos de câncer de mama estão diretamente ligados ao grande uso de agrotóxicos diretamente ou indiretamente, porque mesmo que a mulher não está lá na lavoura passando o agrotóxico, muitas vezes ela entra em contato com o agrotóxico no manuseio de roupas ou limpeza de equipamentos e embalagens. É muito triste e precisamos fazer essa conscientização dos cuidados que é preciso ter no campo, principalmente na questão do manuseio dos agrotóxicos”.

PARTICIPANTES

A Secretária de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa do estado do Paraná, Leandre Dal Ponte, disse que desde que veio a Curitiba, há 25 anos, acompanha pacientes que chegam do interior para se tratar na capital. “São pessoas que trazem uma vivência de muitos momentos dolorosos, pessoas que infelizmente perdem a vida. E com esse testemunho quero saudar os profissionais da saúde. Porque são graças a vocês que trabalham, que se empenham, que hoje temos muitos avanços na área da saúde. E talvez não foi por acaso que eu tenha vindo de verde, porque verde representa esperança, e é isso que nós estamos fazendo aqui hoje. A gente não vem aqui só falar de doença, a gente não vem aqui só falar de tragédia, a gente vem aqui falar de esperança, porque esperança é algo que não pode morrer, e é graças a iniciativas como essa da Assembleia Legislativa que eu quero cumprimentar a todos como vencedores e manter a esperança nos avanços que estamos construindo juntos”.

Uma das convidadas para a audiência pública foi a médica cirurgiã oncológica que atua no Grupo Oncoclínicas e no Hospital São Vicente, doutora Priscila Nunes Silva Morosini, que também reforçou a importância do autoexame. “A Campanha Outubro Rosa é extremamente especial. Todos os anos ela proporciona acesso à informação sobre câncer de mama, que é uma grande epidemia de saúde quando falamos em Curitiba, 770 casos são esperados anualmente e a gente ainda tem taxas de evolução muito elevadas, justamente atreladas a diagnóstico tardio. Então a gente precisa, sim, dar valor a esta campanha que proporciona acesso e informação. Eu sempre falo que acabar com a desinformação atrelada ao resumo de rastreio, ao tratamento, vai permitir que cada vez menos a gente fale de câncer, e cada vez mais falemos de vida, de diagnóstico precoce, de taxa de cura. Quando mulheres fazem diagnóstico precoce em fases muito iniciais, que são tumores menores sem comprometimento das ínguas, sem ter espalhado a doença, a gente fala em taxas de cura que podem atingir até 95% nessas mulheres”.

Todos os participantes receberam material informativo sobre a doença, fatores de risco, sintomas e tratamentos.