As famosas pedrinhas de gelo que caem do céu são formadas dentro de nuvens chamadas Cumulonimbus; calor e umidade são a combinação perfeita para que elas apareçam

Qual criança que não gosta de brincar com aquelas pedrinhas de gelo que caem do céu em dias de chuva? Apesar de ser divertido, os granizos podem trazer grandes prejuízos para a população. A Folha conversou com uma especialista no assunto para entender o que são essas pedras de gelo, como elas se formam e o todas as características dessa ‘chuva sólida’.

Imagem ilustrativa da imagem Você sabe como se formam os granizos? A Folha Confere para você!
| Foto: Arquivo FOLHA/ Isaac Fontana

Formação

Deise Fabiana Ely é professora do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Londrina e atua na área de climatologia. Ela explica que o granizo é uma forma de precipitação que acontece dentro de um tipo específico de nuvem: a Cumulonimbus. Pode parecer um palavrão, mas esse tipo de nuvem é muito comum na região norte do Paraná. Tanto na largura como na altura, as Cumulonimbus são aquelas nuvens gigantescas que enfeitam o céu.

A professora explica que, por terem um grande desenvolvimento vertical, no topo da nuvem ficam diversos cristais de gelo e, na base, gotículas de água. “Por conta das corrente de ar, as gotas de água que sobem se aderem aos cristais, que vão aumentando de tamanho e dando origem ao granizo”, explica. Segundo ela, os granizos são bolinhas de gelo que têm entre um e três milímetros e podem chegar a até cinco milímetros. "Quando as bolinhas são maiores que esse tamanho, elas são chamadas de saraivas e têm o centro mais esbranquiçado”, detalha. Entretanto, só é possível fazer essa diferenciação quando elas caem.

Falando em cair, Ely explica que as bolinhas precipitam quando elas passam a pesar mais do que o ar, processo que acontece muito rápido dentro das Cumulonimbus. “O granizo e a saraiva parecem com uma cebola, já que toda vez que elas circulam dentro da nuvem acabam recebendo uma nova camada de água, que congela e vai formando a pedra, até que ela caí”, destaca.

Condições favoráveis

Mas para ter granizo é preciso ter também condições climáticas favoráveis, como calor e muita umidade dentro da atmosfera. Essa combinação favorece a formação das Cumulonimbus, que dão origem aos granizos. Por conta dessas condições climáticas específicas, o granizo é mais comum na primavera e no verão. “O aquecimento da superfície terrestre nessas estações faz com que a água evapore mais, tanto dos oceanos quanto dos rios, levando mais umidade para a atmosfera”, explica. Como esse processo ocorre no decorrer do dia, a formação das nuvens Cumulonimbus e a precipitação de granizo são mais comuns no final da tarde e início da noite.

Além do clima propício, a professora destaca que as regiões norte e oeste do Paraná, assim como parte de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Argentina e Paraguai, ficam na zona de atuação de jatos de baixos níveis. “A movimentação desses jatos torna a atmosfera mais instável e sujeita a vendavais acompanhados de descargas elétricas e granizo”, afirma.

Prejuízos

A professora explica que o granizo traz muitos prejuízos, tanto econômicos quanto sociais, como danos em plantações. Ela destaca que frutas como maçã, pêssego e morango, que são mais sensíveis, sofrem mais com o granizo, assim como as hortaliças. “Dependendo do tamanho das pedrinhas, casas que têm cobertura de eternit podem sofrer grandes danos, sendo mais seguro utilizar telhas de barro, por exemplo”, orienta.

Dificuldade

A professora Deise Fabiana Ely ressalta que os meteorologistas têm dificuldade de prever a queda de granizo em um determinado local. “Eles conseguem prever a formação de Cumulonimbus, mas é muito difícil determinar se terá ou não precipitação de granizo em um determinado local em relação ao outro”, explica. Para ter essa precisão, ela destaca que seria necessário investimento em radares meteorológicos mais sofisticados, assim como em mais profissionais para analisar os dados.

Granizo ou neve

Como dito, o granizo precisa de calor e umidade para se formar; por outro lado, a neve precisa de muito frio. “A temperatura da nuvem tem que estar abaixo de zero grau, assim como a temperatura do ar entre a base da nuvem e o solo para se ter uma precipitação de flocos de neve”, esclarece.