Não há nada mais decepcionante do que precisar fazer alguma compra e não ter crédito na praça. A partir disso, muitos recorrem aos bancos para solucionar o problema. As instituições bancárias, no entanto, antes de concederem o valor, fazem uma análise sobre o relacionamento do solicitante com o mercado e pede comprovação de renda, isso tudo para assegurar que quem procura o crédito terá dinheiro para quitá-lo futuramente.

O assunto voltou a ficar em alta após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar, na última segunda-feira (17), que vai trabalhar junto aos bancos para que 14 medidas de estímulo ao crédito sejam implantadas no país, a fim de movimentar a economia brasileira. Uma das medidas anunciadas é a revisão das taxas de juros do cartão de crédito rotativo, um dos maiores vilões para quem quer manter o nome limpo no Serasa.

Quando o solicitante vai à instituição bancária procurando empréstimo, limite em cartão de crédito ou financiamento, o banco pede algumas informações para iniciar a análise. De acordo com o economista e professor da UEL (Universidade Estadual de Londrina) Sinival Pitaguari, primeiramente são coletados os dados cadastrais, como CPF, endereço e telefone. Em seguida, são procuradas restrições no nome do solicitante, para saber se há alguma pendência no Serasa ou SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). Segundo ele, também é analisado o score, que identifica o grau de consumo da pessoa no mercado. Por último, a instituição pede a comprovação de renda, que pode ser feita por meio de holerites.

Para aproveitar o crédito e as novidades prometidas pelo ministro da Fazenda, Pitaguari aconselha o solicitante a ter alguns cuidados para não ser recusado na análise inicial, dando dicas de como manter o score alto.

“Tem que, basicamente, manter o nome limpo, evitando atrasos de pagamento e, se possível, antecipar os pagamentos. É aconselhável não recorrer com muita frequência ao uso do crédito, porque as empresas podem ver nisso um sinal de descontrole financeiro. Usar débito automático em conta também é um sinal de que o devedor está compromissado com o pagamento em dia, neste caso é importante não esquecer de deixar fundo nas datas de quitação das prestações”, explica o economista.

As dicas também são direcionadas a profissionais liberais e empresários que queiram ter acesso à alternativa financeira. “Possuir comprovação de renda. Mesmo que a pessoa trabalhe por conta própria é importante formalizar sua atividade, e hoje a meios facilitados para isso, como o registro de MEI (Microempreendedor Individual). Evitar a sonegação, quem não tem um contracheque, um contrato de aluguel como locador e trabalha por conta própria, ou é profissional liberal, pode comprovar renda por meio das declarações anuais do Imposto de Renda. A inclusão do nome em cadastro de bons pagadores também aumenta significativa a chance de obtenção de crédito”, diz Pitaguari.

Por que meu crédito foi recusado?

O professor de Economia da UEL explica que os motivos que causam a não liberação de crédito das instituições bancárias são, justamente, o fato do solicitante não seguir as dicas acima.

“O principal motivo é a inadimplência, pois o nome e o CPF do consumidor podem ser colocados nos serviços de proteção de crédito. A ausência de comprovação de renda é outro fator muito importante. Dependendo do caso, do valor do empréstimo ou da compra a prazo, a ausência de bens em garantia é um fator que pode impedir o acesso ao crédito”, conclui o economista.