Imagem que vem circulando nas redes sociais afirma que o candidato à presidência pelo Partido dos Trabalhadores (PT) recebeu mais votos em seis cidades do que a população total dos municípios .

Uma imagem que vem circulando em alguns perfis de usuários do Instagram afirma que o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria recebido mais votos em seis cidades do Brasil do que o número total de habitantes desses municípios. A publicação mente ao usar dados falsos, assim como o nome de algumas cidades que não existem, buscando questionar a segurança das urnas eletrônicas e a licitude do processo eleitoral.

Poucos dias após o primeiro turno das eleições para presidente, governador, senador e deputado - federal e estadual -, a imagem tenta invalidar os resultados da votação popular para a presidência por meio de informações falsas e distorcidas. Com um título provocativo, a imagem cita seis cidades da região Nordeste do Brasil em que, supostamente, o número de votos angariados por Lula é superior ao número total de habitantes da cidade. Com erros no nome, localização e população, os dados não são compatíveis com aqueles disponibilizados por fontes confiáveis, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Gilmar Fernandes, secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), ressalta que esse tipo de material tenta levantar dúvidas a respeito do processo eleitoral e do modelo de votação em vigência hoje no país, sempre levantando a suspeita de que existe alguma fraude. “E esse conteúdo geralmente é disparado dentro de bolhas nas redes sociais, o que permite que ele viralize ainda mais”, explica. Segundo ele, desde 2018, os TRE vêm criando mecanismos para barrar esse tipo de conteúdo, como o Fato ou Boato e a Gralha Confere.

Um dos perfis que compartilharam a imagem foi criado no dia 03 de outubro, um dia após o primeiro turno das eleições, e conta com 10 publicações: algumas de apoio a Jair Bolsonaro e outras com críticas ao sistema eleitoral e ao candidato Lula. Assim como as publicações são tendenciosas, na bio do perfil, o usuário afirma ser o ‘terror dos esquerdistas’ e não votar no Partido dos Trabalhadores ou aliados. O perfil no Instagram também mente ao assumir que defende a honestidade, já que é desonesto ao usar dados falsos para insinuar que o sistema eleitoral brasileiro é falho. “Uma das características desse tipo de conteúdo mentiroso é que ele vem sempre no mesmo formato, tentando espetacularizar um evento e sem referência alguma da origem dessas informações”, salienta o secretário.

Os seis municípios citados são: Porto de Pedra (PE), Poço das Antas (PE), Xique Xique (BA), Barragem (BA), Nova Liberdade (BA) e Antas (BA). Como forma de enganar o público, o autor cita que as cidades ficam na região Nordeste, local que concentra a maior parte do eleitorado do Lula. Na eleição deste ano, Lula teve mais votos que Jair Bolsonaro em todos os nove estados do Nordeste.

A localização de alguns dos municípios citados está correta, como Xique Xique e Antas, mas a população e a porcentagem de votos está errada. Entretanto, nos outros exemplos, além do número de habitantes e de votos estarem errados, as cidades estão com a grafia do nome errada, ficam em outros estados ou não existem, como Barragem e Nova Liberdade. Fernandes esclarece que as urnas eletrônicas de cada seção são carregadas com os dados dos eleitores que votam naquele local, não sendo possível receber votos a mais do que ela já está programada para receber. Segundo ele, a mídia da urna, chamada de memória de resultado, registra todas as ocorrências, desde os votos até as justificativas de voto.

Gilmar Fernandes destaca que o processo eleitoral e as urnas eletrônicas passam por auditorias, inclusive dos membros dos partidos políticos e de autoridades. “O nosso modelo de votação é visto como exemplo no mundo por conta da segurança e da licitude de todo o processo. Nos últimos anos, também adicionamos a biometria, que impede que uma pessoa vote no lugar da outra, trazendo ainda mais garantia para o nosso sistema eleitoral”, frisa. Por fim, o secretário aconselha a população a buscar informações em canais de fontes e veículos confiáveis e a desacreditar em imagens e textos que são compartilhados em redes sociais.


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