Navegando na internet, você se depara com o anúncio de um produto que estava desejando há tempos. Com um precinho promocional tentador, sem pensar duas vezes você resolve comprar. Então, dias depois, a alegria dá lugar à revolta. “Caí em um golpe, e agora?”, você se questiona.

Seja em compras pela internet, no cartão de crédito ou PIX, os golpes estão ficando cada vez mais modernos e com menos ‘cara de golpe’. Por isso, a Folha entrou em contato com o Thiago Mota Romero, diretor-executivo do Núcleo de Proteção e Defesa do Consumidor em Londrina (Procon-LD), para tirar algumas dúvidas sobre o que fazer nesse momento e, principalmente, como evitar que isso aconteça.

Romero explica que o primeiro passo em qualquer tipo de golpe é fazer o Boletim de Ocorrência (BO). Segundo ele, após juntar todos os dados, o BO pode ser feito pela internet no site da Polícia Civil, disponível em: https://www.policiacivil.pr.gov.br/BO.

Após o registro da ocorrência, os próximos passos dependem do tipo de golpe. Segundo ele, se for algo relacionado a cartões de crédito ou débito, a pessoa deve entrar em contato com o banco para fazer o bloqueio da conta. Romero explica que esse passo é importante para que bancos já estejam cientes da fraude e possam fazer o bloqueio do cartão o mais rápido possível, o que, também, evita que o golpista fique utilizando por muito tempo.

Já quando se trata de golpes em compras feitas pela internet, o consumidor também deve fazer o Boletim de Ocorrência, que vai ser uma fonte de informação para a Delegacia de Estelionatos de Londrina e, na sequência, a pessoa deve ir até o Procon fazer o registro da queixa, que vai entrar em contato formalmente com a empresa. Segundo ele, esses são passos essenciais para que a vítima tenha chances de reaver o dinheiro.

Evitando uma dor de cabeça

Entretanto, para evitar o estresse e a dor de cabeça de ter que passar por todas as etapas acima, o responsável pelo Procon de Londrina explica que as pessoas devem ficar alertas para qualquer possibilidade mínima de golpe. Segundo ele, a tecnologia utilizada pelos criminosos está cada vez mais inovadora, o que contribui para que a forma com que os golpes são aplicados também mude. Tema de uma campanha do Procon Paraná, ele ressalta que o gerente ou qualquer outro funcionário de agências bancárias não vai entrar em contato com o cliente através de ligação, principalmente de números de telefone celular.

“Por mais que você esteja esperando o retorno do banco, é melhor que você faça a ligação para o banco. Se você recebeu uma ligação dizendo que tem algum problema na sua conta ou cartão, desligue o telefone e vá pessoalmente até a agência para conversar com o gerente”, orienta. Segundo ele, as principais formas de contato utilizadas pelos bancos são mensagens de texto, e-mail ou cartas.

Sobre compras pela internet, Thiago Mota Romero destaca que se o consumidor faz uma compra falsa em um site grande, como o Mercado Livre, por exemplo, a plataforma também é culpada. “Na visão do Procon, o site também tem responsabilidade pelo fato de estar mantendo na página uma empresa que comete golpes”, explica.

Segundo ele, é muito comum que o criminoso tente ludibriar o consumidor, fazendo com que as conversas e o pagamento sejam feitos por fora do site com a promessa de uma série de vantagens. Além de ter essa responsabilidade, o Mercado Livre segura os valores até que a compra seja efetivada, ou seja, que o consumidor receba o produto. “Essa é uma forma de segurança porque se ele não recebe a compra, ele tem o dinheiro de volta. Por isso, é sempre importante fazer tudo o que o site indica”, ressalta.

Redes sociais

Outro sinal vermelho para golpe são anúncios de venda de produtos nas redes sociais. Segundo Romero, as redes sociais são os locais que concentram o maior número de golpes que, por meio de ofertas super vantajosas, acabam seduzindo as pessoas. Ele ressalta que é essencial conferir as informações da empresa no site da Receita Federal (consumidor.gov.br), como endereço, tempo de atuação e outras reclamações prévias.

Pagamento seguro

Em relação a forma de pagamento mais segura, o Procon aconselha o uso do cartão de crédito, já que é a forma mais fácil de conseguir o cancelamento da compra. Já o PIX é, disparado, o menos seguro nesses casos. “É muito fácil para a pessoa que recebeu dissipar esse dinheiro, fazendo com que nem o banco consiga achar mais porque a transação é muito rápida”, explica. Segundo ele, esse valor pode passar por mais de 50 contas em um dia: “a chance do consumidor reaver esse dinheiro é muito pequena”.

Tranquilidade ajuda

Seja uma compra ou uma suspeita de golpe, Romero alerta que nenhuma atitude deve ser tomada motivada pela pressa. “Um mecanismo social que esses criminosos utilizam é justamente a pressão. Eles pressionam para que a pessoa faça determinada coisa naquele exato momento, afirmando que se ela não fizer naquele momento não vai ter a vantagem. Se a pessoa pensa com calma por alguns minutos, ela acaba ligando um alerta para um possível golpe”, explica.

Então a dica é sempre ter calma e um pé atrás em qualquer tipo de transação que for fazer. “Hoje em dia não está fácil ganhar dinheiro, então para a pessoa perder esses valores em um golpe é uma situação muito difícil, fazendo com que ela desenvolva até mesmo um quadro depressivo”, pontua.

‘Urubu do PIX’

Ressaltando que não existe oferta milagrosa, o diretor-executivo do Procon de Londrina relata um caso recente de uma mulher que foi vítima de um golpe chamado ‘Urubu do PIX’. Ele explica que nesse tipo de golpe, a pessoa precisa enviar um valor no PIX com a promessa de receber o montante em dobro. Segundo ele, os criminosos devolvem os valores iniciais, que são mais baixos, para ganhar a confiança da vítima, fazendo com que ela invista cada vez mais. “Ela chegou a mandar R$ 20 mil e aí o dinheiro nunca retornou. Então não existe magia, não existe esses investimentos de 100%, 200% de lucro, a gente precisa sempre colocar o pé no chão”, afirma.

Segundo ele, em caso de dúvidas ou se a pessoa achar que está caindo em um golpe, ela deve procurar o Procon para receber orientações e evitar o golpe. O Procon de Londrina fica na Rua Piauí, n° 1.117 e os agendamentos devem ser feitos pelo telefone 3372-4823.