A mente precisa de alimento para poder se manter e se desenvolver. Sem este alimento a mente morre de inanição, mas o que é o alimento da mente? O que a permite crescer? A resposta é que o alimento da mente é a verdade.

A verdade é uma coisa que existe por si só, independente de nossos desejos, de nossas vontades, do que consideramos certo ou errado. A verdade é em outras palavras a realidade. Poder entrar em contato com a realidade é fundamental. Sem ela a mente não tem a menor condição de poder se ampliar e funcionar.

A realidade última ou a verdade total não conseguimos nunca alcançar. Ela é muito maior do que nossa capacidade é capaz de conceber, de modo que podemos nos aproximar da verdade, mas nunca saber dela completamente de fato. A verdade ou realidade pode muitas vezes não ser o que queremos ou esperamos e perceber isso pode gerar conflitos internos muito dolorosos e assustadores que frequentemente tentamos evitar.

Quando queremos ou esperamos que os outros, o mundo e as coisas sejam de acordo com nossas expectativas podemos terminar não aceitando a realidade, acabamos resistindo a ela e essa briga cria conflitos e também nos estimula a alucinar e não a pensar. O pensar só pode existir quando a verdade está envolvida. Não há pensamento sem verdade ou realidade. A alucinação, contudo, é quando ‘fingimos’ que a vida, os outros e o mundo podem ser manipulados ou moldados pelos nossos desejos.

Muitas pessoas só veem o querem ver. Isso é um tipo de alucinação. Quem vê só o que quer alucina uma falsa realidade alternativa e espera que tudo lá fora se comporte conforme a sua alucinação dita e quando tal coisa não ocorre (e nunca ocorre) a pessoa fica perplexa e muito irritada. Por exemplo, em muitos relacionamentos amorosos um dos membros do par romântico alucina o outro e quando o outro não se comporta conforme era esperado gera inúmeros desentendimentos e aborrecimentos. A maior parte das brigas dos casais vêm do fato de que muitas vezes o que está por detrás da relação não é o amor em si, mas o quanto um alucina o outro com expectativas de que o outro seja como se imagina que tem que ser e não como se é de fato.

Isso se dá também em muitos outros relacionamentos. Às vezes pais alucinam seus filhos esperando que eles façam isso ou aquilo, que sejam uma coisa que muitas vezes nada tem a ver com eles e quando os pais se deparam com filhos reais e não aqueles alucinados podem ficar frustrados e originar com isso brigas muito desgastantes.

Ver a verdade, todavia, é doloroso porque implica em abrir mão das nossas expectativas, das nossas ilusões. Uma das coisas mais difíceis nessa vida é abandonarmos as ilusões que criamos ao longo da vida e poder ver as coisas de uma maneira mais sincera, sem tantas tintas com que insistimos em pintar a realidade. É sofrido renunciar as alucinações, porém é só através dessa renúncia que podemos nos aproximar da verdade e aprender algo real que nos permita crescer.

É preciso que nos questionemos sempre se estamos vendo de fato ou se estamos alucinando

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A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina

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