O escritor irlandês George Bernard Shaw escreveu a seguinte frase: “A vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos.” Acho essa sentença linda e muito profunda. Ela nos permite pensar em como vamos lidar com os acontecimentos ao longo da vida e que tipo de pessoa vamos nos tornar. Se vamos sair mais “afiados” e experientes das nossas vivências ou se vamos nos desperdiçar ou ficar tão exaustos que viver virará um fardo insuportável. Só que a grande questão a se pensar aqui é que o material de que somos feito não é algo que é decidido por nós, mas somos nós que o fabricamos.

Imagem ilustrativa da imagem Você está desgastado ou afiado?
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Como fabricamos um bom material que nos permita que a vida nos enriqueça? A resposta, aliás, é bem simples, tão simples que nem nos damos conta de quão complexo é. É um fato que as coisas mais simples da vida são complexas de realizar. A resposta está na mente, que é sempre o melhor recurso de que dispomos na vida. Como cuidamos de nossa mente é o que forma o material que nos permite tirar o melhor da vida ou sucumbir a ela.

As pessoas, de forma geral, associam a mente a tudo aquilo que é racional e lógico, porém, a mente é muito mais que isso. Claro que a racionalidade é parte da nossa mente e é algo necessário para resolvermos importantes questões que pedem por razão e lógica. Sem essa parte não conseguiríamos nos organizar eficientemente. Contudo, a mente é muito maior que apenas essa parte racional, ela contém também a maneira com que nos relacionamos com nossas emoções e como nos ligamos a tudo na vida.

A forma ou a visão que adotamos para viver a vida cria a qualidade com a qual vamos enfrentar tudo o que nos acontece. Há pessoas que frente a qualquer dificuldade usam de tantos mecanismos de defesa que acabam por se impedir de aprender com as experiências. Estão sempre reativas e ficam irritadas quando a vida não é como gostariam que fosse. Querem bater de frente com tudo e uma coisa dá para ser dita com certeza: bater de frente com a vida nunca é um bom negócio, porque sempre vamos perder. Ninguém vence uma onda, mas aprende a mergulhar sob ela para passar com o mínimo dano possível; ou a subir por ela para não ser arrastado. Quando brigamos com tudo e lamentamos a vida porque ela não nos oferece um mar tranquilo cheio de rosas acabamos fabricando uma mente (material) que só vai se desgastar, ficar cada vez mais fraco.

No entanto, quando nos permitimos aceitar que a vida não nos deve nada e nos oferece inúmeros desafios e até dissabores podemos então aprender a lidar com os acontecimentos de maneira mais realista e saudável. Assim, aprendemos a como tirar proveito das situações, a fazer o melhor dadas as condições. Como já dizia um antigo ditado, é “fazer das tripas, o coração.”

A escolha é nossa. Podemos decidir como vamos viver a vida. É uma decisão pessoal e intransferível de cada um. Há aqueles que escolhem bem, optam por aprender e fabricam para si uma mente que a vida deixa cada vez mais afiada. Tristemente, há outros que insistem em brigar com a vida e tecem para si um material que forma uma mente débil e abatida que faz com que tudo fique sem graça e custoso. De que material você vem se construindo? Se for de um material debilitado é melhor mudar isso rapidamente.