​Há um movimento bastante presente entre os mais jovens atualmente que foi batizado de YOLO, sigla do inglês para You Only Live Once, que significa “você só vive uma vez”. Ele vem sendo usado para justificar uma série de mudanças que vêm ocorrendo na sociedade. Essas transformações são necessárias e mostram como muitas coisas precisavam mesmo ser diferentes. Por exemplo, muitos com a pandemia do coronavírus perceberam que não precisam consumir roupas ou outros artigos da mesma maneira que antes. Notaram que poderiam consumir com mais inteligência, o que traz menos desperdício de recursos naturais e bem mais equilíbrio para o meio ambiente e saúde financeira. Nesse movimento convida-se a não desperdiçar tempo, recursos e preocupações com coisas que, na verdade, não merecem tanta atenção assim. Isso é extremamente positivo.

Imagem ilustrativa da imagem Só se vive uma vez
| Foto: iStock

​Despendemos muita energia com coisas que de fato não são essenciais. Muita gente está descobrindo uma nova forma de se relacionar com o próprio trabalho e ainda estamos para ver no futuro as transformações que tudo isso vai acarretar. O mundo com certeza não será mais o mesmo na forma de se organizar. E essas mudanças são vitais para que muitas coisas possam ser deixadas e outras mais eficientes possam surgir.

​Quando nos damos conta de que só vivemos uma vez temos a chance de mudar nossa perspectiva perante a vida e aprender a ver o que realmente importa. Teoricamente, então, esse movimento YOLO é algo muito bem-vindo. Só que também há um risco aí que pode por muita coisa a perigo.

​O que representa um risco é que pode dar uma ideia de que precisamos viver de qualquer forma, a buscar um prazer máximo no menor tempo possível e sem medir as consequências. Em outras palavras, convida a uma maneira de viver inconsequente.

​Claro que a busca pelo prazer é parte fundamental e importante da vida. Sem prazer a vida seria intolerável e não vale a pena viver uma vida assim. Precisamos do prazer e isso é um fato. Contudo, há prazeres e prazeres. Nem todo prazer é igual. Há os de boa qualidade e os de má qualidade. Diferenciar entre eles é fundamental para não se cair numa armadilha.

​É verdade que só vivemos uma vez e não precisamos perder tempo. Aliás, não podemos perder tempo, não podemos nos dar esse luxo. Então viver bem esse tempo que temos é primordial. Precisamos nos dar prazeres, mas qual prazer e de que forma os buscamos? Essa é a questão que se faz pertinente.

​A armadilha se dá quando confundimos um prazer superficial e estritamente sensorial com prazeres mais elaborados. Tem gente que acredita que ter prazer é beber até cair, só fazer o que se gosta sem possibilidade de frustrações, transar adoidado e de qualquer maneira, etc. Isso, se vivido dessa forma, passa a ser perigoso. Busca-se o prazer, mas sem a contraparte da responsabilidade para consigo mesmo e para com o outro. Não dá para viver como se não houvesse amanhã. O prazer só passa a ser bom, algo enriquecedor, se for vivido com responsabilidade.

Prazer sem responsabilidade alguma é pura inconsequência e só leva a equívocos. Até mesmo para se viver o prazer de maneira saudável se faz necessário certo grau de desenvolvimento interno. Viver uma vez implica em desenvolver responsabilidade para com essa vida preciosa.

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A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina

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