Ano novo chegando e depois de tantas privações a que tivemos que nos submeter por causa da pandemia nesses quase dois anos, o que as pessoas mais querem é celebrar. Celebrar, festejar, estar perto dos outros é realmente algo muito bom e necessário. Precisamos da proximidade com quem amamos e necessitamos formar vínculos de qualidade para manter a saúde mental. O ano novo também é uma celebração que traz o sentimento de esperança e faz com que muitas pessoas renovem planos e ideias do que querem para suas vidas. Porém, nem tudo são flores nesta data, porque o réveillon carrega um alto número de acidentes, muitos chegando a ser fatais, que poderiam ser evitados.

Imagem ilustrativa da imagem Será que sabemos festejar e celebrar?
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Tanto o Ano Novo quanto o Carnaval batem recordes de acidentes, segundo várias fontes de estatísticas, e a explicação para esses acidentes dos mais diversos tipos é que muita gente abusa do álcool. As pessoas bebem demais e, por isso mesmo, não conseguem se preservar apropriadamente e se colocam, bem como colocam os outros, em situações de risco. A questão que fica é: por que será que nessas festas há um abuso do álcool?

Enquanto o Natal acaba sendo uma festa mais dentro da família, o Ano Novo e o Carnaval são celebrações que muitos passam com amigos e não com parentes. Parece que se tem a obrigação de festejar imensamente, de curtir adoidado, de sentir um prazer desmedido. Como se todas as frustrações que aconteceram ao longo do ano (e muitas delas aconteceram dentro do círculo familiar) tivessem que ser compensadas. Infelizmente, para muitas pessoas festejar tornou-se algo como a busca por um gozo espetacular.

A alegria e o entusiasmo que sentimos em uma celebração vêm de dentro e não de fora. No entanto, isso é facilmente esquecido e procura-se lá fora toda a animação. Procura-se externamente algo que venha a fornecer gozo e contentamento, e acredita-se que algo externo, como a bebida, por exemplo, possa fornecer todo esse encanto. Outros buscam nas drogas ilícitas, outros no sexo compulsivo, outros no consumo excessivo, etc. Estamos pobres, na verdade, em saber como celebrar a vida, em como realmente tirar proveito dela.

Quando precisamos beber até cair é porque alguma coisa anda muito mal. Não é moralismo, é apenas uma constatação até um pouco óbvia. O fato é que quando precisamos fazer mal a nós mesmos, à nossa saúde e às nossas pessoas queridas e justificar que isso é "aproveitar a vida", algo muito equivocado está acontecendo. Celebrar é o mesmo que exaltar, mas quando celebramos de maneira que fazemos mal a nós mesmos estamos exaltando o quê? A vida é que não é!

Uma verdade que precisa ser dita: só sabe celebrar e festejar de fato quem tem o mínimo de respeito para consigo próprio e quem tem um pouco de saúde mental. Se uma pessoa não se respeita ela não sabe também como festejar, como celebrar. Se alguém não se respeita não tem como haver o menor autocuidado. E vemos muita gente que não está sabendo cuidar de si mesma.

Se momentos de celebrações terminam em tragédias por causa de condutas irresponsáveis é um sinal de alerta para verificarmos se estamos sabendo mesmo aproveitar a vida ou se estamos simplesmente matando a vida. Celebração não combina e nem é sinônimo de matança. Isso é confundir coisas que não podem ser confundidas.

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A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina

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