Relacionamentos e carências
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segunda-feira, 16 de dezembro de 2019
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Muitos relacionamentos amorosos começam de forma complicada e que só leva a desentendimentos e infelicidade. Isso ocorre porque o que motiva muitas pessoas a se relacionar amorosamente com um parceiro ou parceira é algo que não deveria estar presente numa relação afetiva: a carência. Quando é a carência que está por detrás de um relacionamento, alimentando-o, motivando as ligações, a chance de virar um relacionamento insatisfatório é muito grande. Aliás, deixa de ser um relacionamento amoroso e ganha outros contornos que só pesam e impossibilitam algo bonito de acontecer.
Quando o que prevalece numa pessoa é o sentimento de carência, ela fica incapacitada de se relacionar porque o que vai ocorrer é ela tentar procurar no relacionamento o que lhe falta. Ela termina por demandar do outro ser aquilo ou dar aquilo que ela sente falta, que está carente. Cria-se, então, uma relação de dependência e cobranças, o que mata qualquer possibilidade de um relacionamento verdadeiro tomar forma.
Para existir um relacionamento as duas pessoas precisam estar bem consigo mesmas. Estarem bem consigo faz com que um possa descobrir o outro, querer compartilhar experiências com o outro, sem necessidade de se procurar algo no outro. Assim, não se cobra nada e as duas pessoas podem ser si mesmas, mais espontâneas. Pessoas carentes não deviam começar nenhum relacionamento.
Há todo um equívoco sobre os relacionamentos. Acredita-se, erroneamente, que entre um casal um precisa do outro, mas isso é dependência e não relacionamento.Infelizmente, pessoas carentes acabam indo atrás de outras pessoas de forma desesperada. Só que ao invés de viverem um relacionamento vivem uma ligação adesiva, grudenta e que termina por cansar todos os envolvidos. Grudar no outro não é o mesmo que se relacionar.
Um bebê precisa de uma mãe ou de alguém que exerça essa função. A criança pequena é totalmente dependente e carente e sem poder contar com alguém ela não tem como se desenvolver e aprender a viver. Conforme ela vai crescendo e os cuidados das figuras parentais vão sendo internalizados ela aprende a cuidar de si própria e de suas necessidades, tornando-se mais independente. Vira um ser à parte e capaz de se apropriar do próprio desejo. Em outras palavras, vira um verdadeiro adulto. Quando isso não se dá, quando não há uma verdadeira maturidade estabelecida, a criança até cresce organicamente, mas continua com uma mente carente e repete a relação de dependência com outros.
Para existir uma relação amorosa é necessário duas pessoas adultas. Quando uma delas ou até as duas são carentes em demasia não se forma algo que seja satisfatório. As brigas e desentendimentos vão se tornar cada vez mais frequentes porque serão feitas exigências que não cabem num relacionamento. O resultado é criar mágoas e ressentimentos que envenenam e impossibilitam qualquer relação de se desenvolver. Então, antes de alguém acreditar que precisa de alguém, que precisa de um namorado ou namorada é necessário trabalhar primeiro as próprias carências. É preciso ser um para poder viver em dois. Aí sim o amor romântico pode acontecer.