Personalidades antissociais, os chamados sociopatas, estão presentes em todos os lugares do mundo: da política aos negócios, nos crimes reportados diariamente e até mesmo dentro de muitas famílias. Na esfera pública, os sociopatas usam o poder para benefício próprio, enquanto na esfera privada, destroem relações, vínculos familiares e laços afetivos, gerando muito sofrimento.

Mas quem são esses sociopatas? Eles muitas vezes se apresentam como indivíduos comuns, sedutores e carismáticos, mas estão sempre buscando seu próprio prazer, mesmo que isso resulte em danos, sofrimentos, prejuízos ou até morte para terceiros. O que sabemos é que eles são incapazes de amar, de sentir empatia pelos demais ou de, principalmente, assumir qualquer responsabilidade por suas ações. Sua estrutura psíquica é essencialmente narcisista, e eles só pensam em seu próprio umbigo, lucro e conforto, estabelecendo relacionamentos onde usam, abusam e exploram os outros sem a menor consideração e cerimônia.

Na sociopatia não existe espaço para sentimento de culpa, compaixão ou solidariedade. Suas atitudes e respostas frente ao mundo são comumente frias, desumanas e implacáveis. Muitos psicanalistas e psiquiatras, que estudaram essa personalidade, identificaram a presença de traços narcisistas na sociopatia, onde estes demonstram uma busca obsessiva por superioridade, grandiosidade e uma excessiva dependência da admiração alheia, além de experimentarem uma intensa desvalorização dos outros como uma forma de defesa contra a própria inveja.

A sociopatia é caracterizada pela compulsão à repetição. Eles sempre se repetem, mostrando um repertório de comportamentos pouco criativos, sem mudanças ou sinais de que aprendem alguma coisa com a vida. Só aprendem como manipular e enganar melhor. Repetem, sem cessar, ações destrutivas. Mesmo limitados em seus comportamentos, fazem inúmeras vítimas mundo afora.

Para se tornar vítima deles uma pessoa precisa ser carente e frágil, assim, suas necessidades a torna alvo fácil para os sociopatas mostrarem todo o seu poder de sedução. O sedutor (sociopata) cativa suas vítimas com grande eloquência e a carência das vítimas fazem com que elas neguem a realidade, não vejam as coisas como elas são e caiam em suas artimanhas. É a velha história das belas sereias cantando aos marinheiros que atraídos por suas vozes, como mariposas atraídas pela luz, encontravam nos braços delas o seu suplício e morte. O sedutor sempre se finge de bem-intencionado e sabe ser atraente. Geralmente, eles escolhem suas vítimas entre pessoas com personalidades infantis, com pouca conexão com a realidade, tornando-as facilmente seduzíveis e manipuláveis. Reconhecer um psicopata nem sempre é fácil, o que faz com que muitos se envolvam com eles de inúmeras maneiras e alguns até se casam com eles!

O sociopata, depois de usar sua vítima, sai em busca de outras e continua se repetindo de maneira compulsiva. Não há mudança real em sua natureza. A única forma que temos de nos proteger de tais pessoas é nos desenvolvermos para não ficarmos tão vulneráveis e carentes. Dessa maneira, não caímos em suas teias. Nenhum inseto, se visse a teia de uma aranha, cairia nela. O problema é quando não nos damos conta de onde estamos nos colocando e com quem estamos nos envolvendo.

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