Hoje temos tecnologia de ponta para solucionar se não todos, pelo menos quase todos os problemas do mundo que enfrentamos. Fome, injustiça, pobreza, doenças, poluição, destruição dos recursos naturais, etc. Todos esses problemas que tanto nos atormentam e prejudicam não são realmente problemas, já que poderiam ser solucionados se todos os países colocassem em prática a tecnologia existente e o conhecimento já acumulado. Não é verdade? Temos conhecimento e meios de sobra para que essas questões não sejam propriamente adversidades incontornáveis. Essa é a nossa realidade.

Imagem ilustrativa da imagem O que falta para vivermos bem?
| Foto: iStock

Contudo, com todos os instrumentos que temos hoje em dia, vivemos mal, vivemos aquém do que poderíamos e deveríamos. Ficamos empacados e sofrendo com obstáculos que não necessariamente são realmente obstáculos. Então aqui vem a pergunta sobre a qual vale muito a pena refletir. Se temos recursos e instrumentos para amainar grande parte dos problemas do mundo, o que está faltando? Por que não estamos vivendo bem? Que instrumento ou recurso está em falta que não permite que aproveitemos tudo o que já temos?

Pensando de uma forma despretensiosa eu diria que o que falta é consciência. Enquanto a maior parte das pessoas não desenvolver uma consciência nada mudará nesse planeta, por melhores que sejam as tecnologias criadas. A tecnologia principal, o recurso mais valioso e importante que existe, nossa consciência, não é algo presente na vida das pessoas. Muito pelo contrário, é algo que está em falta. Falta consciência.

Por consciência não me refiro ao senso comum que faz uso do moralismo que diz o que é certo ou errado; isso é bom e aquilo é mau. Esse vértice moral de nada ajuda. Chega, na verdade, a atrapalhar porque só causa divisões e criações de grupos que se acham melhores que outros. Aí já se tem a receita para desentendimentos e brigas sem fim. A consciência a que me refiro tem a ver com o sentimento e o conhecimento que nos permite viver e experimentar nosso mundo interno. Quando vivemos e experimentamos nosso mundo interno temos a chance de conhecê-lo e aprender a cuidar dele. Quando cuidamos do nosso mundo interno só vamos querer aquilo que é bom, só vamos oferecer aquilo que nos é favorável, que nos permite ser melhores. Em outras palavras, podemos crescer e quem cresce não fica mais movido ou pelo menos não tão movido por mesquinharias. Quando realmente nos cuidamos vamos naturalmente cuidar do que está fora. O que está dentro e fora ficam importantes e passam a ser cuidados devidamente.

Entretanto, desenvolver consciência é algo trabalhoso e oneroso. Ela não vem fácil nem pode ser comprada no mercado. É um trabalho individual, mas sem consciência nunca vamos viver bem, sempre ficaremos meio aleijados. Isso é que é ser aleijado: não desenvolver o melhor recurso que temos nessa vida que é nós mesmos. Quem se cuida jamais descuidaria do que está em volta, jamais fecharia os olhos frente a todo o sofrimento que insistimos em criar. Quem tem consciência aprende a cuidar de dentro de si e estende esse mesmo cuidado fora também. Desenvolver essa “tecnologia”, a consciência, é o que mais faz falta nesse mundo.

A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina

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