Queremos viver a vida intensamente e a frase ‘viver a vida ao máximo” se faz atualmente muito em voga. O problema é que essa sentença é muito mal interpretada e entende-se por ela uma coisa bem diferente do que ela realmente significa. Aliados por movimentos como o YOLO (you only live once) sigla em inglês para "você só vive uma vez" ou Carpe diem, latim para "aproveitar o dia" muitas pessoas acreditam que viver a vida ao máximo é o mesmo que farrear.

Imagem ilustrativa da imagem O que é viver a vida ao máximo?
| Foto: iStock

Farrear, festejar como se não houvesse amanhã é a forma que muitas pessoas compreendem que a vida tem que ser vivida. Nosso tempo de vida é na verdade um piscar de olhos. Quando vemos, sentimos que a vida passou, mas somos nós que passamos pela vida. É rápida essa passagem. De fato, temos um prazo de validade e chegará uma hora que "passaremos do ponto".

Quando nos damos conta de que não temos todo o tempo do mundo notamos a necessidade de aproveitar bem o tempo que nos é disponível e que precisamos saber viver bem. No entanto, o que seria vive bem? O que seria aproveitar a vida e o tempo que dispomos? Como podemos, então, viver a vida em sua inteireza?

É comum ouvir pessoas de todas as camadas sociais e educação dizer que aproveitar a vida é fazer o que se quer na hora que se quer. Como se a vida tivesse que ser uma constante realização de desejos ou gratificações. Outras afirmam que só conseguem desfrutar a vida se se divertirem loucamente ou se beberem até cair. É triste notar que muitos saem de noite e dizem que se não voltarem tropeçando de tão bêbados ou se não tiverem uma monstruosa ressaca no dia seguinte a noite não foi boa. Beber até não poder mais a ponto de fazer mal não é aproveitar a vida.

Talvez essas ações estejam mais a serviço de não aproveitar a vida de fato, de se enganar. Nos enganamos acreditando que tais atitudes é gozar a vida plenamente, porém são prazeres sensoriais muito limitados e, em alguns casos, até mesmo insalubres. São meras distrações enquanto a vida passa.

O que mais sabemos nesse mundo é como nos distrair e não como viver realmente.

Distrações sensoriais apenas enganam enquanto algo mais importante ocorre. Os ilusionistas sabem bem disso. Eles distraem suas plateias enquanto o truque está realmente acontecendo fora de vista. Só que viver se distraindo sensorialmente não nos permite dar conta que a vida está passando ao lado e sendo desperdiçada.

Viver a vida ao máximo tem mais a ver com descobrir as dimensões que podemos alcançar, a pessoa que podemos vir a ser, o quanto de vida e experiências humanas podemos absorver. É muito mais amplo, muito mais vasto. Não é só se distrair, mas encontrar e expandir quem somos: nossos sonhos, anseios e possibilidades. É se reinventar e ser autor da própria vida. Poético tudo isso, mas como cada um vai realizar isso? Aí cabe a cada um inventar e construir o próprio caminho, se permitir ver além do próprio nariz. É abandonar a miopia e lançar a visão mais longe. Só assim há a chance de vivermos a vida ao máximo.

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A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina

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