O Natal é a festa das luzes. Mesmo antes de se tornar uma celebração cristã, havia entre os pagãos uma festividade semelhante nesta época do ano. No inverno europeu, quando a maioria das plantas hibernava e a comida escasseava, a vida tornava-se particularmente difícil. Em um período em que as coisas já eram difíceis, o inverno as tornava ainda piores com noites mais longas que os dias, proporcionando pouca luz e aumentando o medo e a angústia sobre a própria sobrevivência. Parecia que tudo estava indo de mal a pior.

Os pinheiros, por sua resistência, mantinham suas folhas verdes mesmo no inverno. As pessoas, independentemente de suas crenças religiosas, reuniam-se ao redor dessas árvores, acendendo fogueiras para gerar calor e luz. Daí originam-se as árvores de Natal modernas, agora brilhantes e iluminadas com LED e tecnologia. Naquela época, serviam para inspirar esperança em tempos difíceis e reunir as pessoas para que ficassem próximas umas às outras. O medo e a preocupação podiam ser tolerados com a criação de luz, calor e companhia, não apenas externamente, mas também internamente em nossas mentes. Isso tudo trazia um quentinho na alma. Olhar a vida com esperança é essencial para manter a saúde mental, pois a esperança permite ver luz e saída no fim do túnel.

Essa época de Natal gera, em muita gente, depressão, ansiedade e sentimentos de melancolia. Nos comparamos aos outros (geralmente desfavoravelmente), avaliamos nosso ano (com muita dureza), sentimos nossas perdas (e achamos que só nós perdemos) e tudo isso pode ser muito pesado e obscurecer nossa visão. Acabamos enxergando tudo sob uma penumbra, dentro de nós e fora, o que tira muita cor e detalhes que diante de uma luz mais favorável poderia se dar de uma maneira diferente e mais promissora. Se estamos ‘sem luz’ dentro de nós é algo grave que pode estragar muitas das nossas vivências.

Que neste Natal possamos acender as luzes dentro de nós, enxergando o que realmente importa, nos expandindo e nos tornando melhores. Ao olharmos para nosso interior, temos mais chances de desenvolver a capacidade de viver de maneira mais plena. Quem se vê verdadeiramente pode se conhecer, e quem se conhece pode cuidar de si mesmo. Cuidar de si mesmo é como acender uma fogueira em uma noite escura e fria. Neste Natal, cada um de nós tem a responsabilidade de tomar decisões importantes sobre como vive, como deseja viver, como se cuida e como pode cuidar dos outros.

Que possamos criar "luzes" internas que iluminem os caminhos que percorremos. Que a festa das luzes não seja apenas um evento repleto de brilho externo, em árvores e enfeites coloridos, mas, antes de tudo, uma oportunidade de levar luz e calor para dentro de nós mesmos. Desejo a todos um Feliz Natal

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A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina