Há muitas ideias que portamos que são na verdade estereótipos e não frutos de um verdadeiro pensamento. A maternidade, por exemplo, é um desses casos. Tem-se a ideia de que toda mulher quando engravida torna-se, naturalmente, mãe. Isso é um grande equívoco, pois coloca todas as mulheres como se fossem uma coisa só, sem considerar as diferenças entre elas.

Imagem ilustrativa da imagem Estereótipos são enganosos
| Foto: iStock

Nem todas as mulheres querem ser mães e não há problema nenhum nisso. É um direito de cada uma saber e entender a si própria para poder viver o que quer e o que pode na vida. Contudo, há toda uma ideia de que as mulheres são predestinadas a serem mães, que é algo natural, como um instinto. Pura bobagem.

Quando nos guiamos por estereótipos reduzimos as pessoas, as limitamos e toda uma gama de características particulares são desconsideradas. Fica-se “as mulheres, os homens, os gays, os 'isso e os aquilo'”. Como se todas as mulheres desejassem de maneiras idênticas, como se todos os homens fossem os mesmos, etc.

Isso é muito limitador e uma verdadeira miopia. Há mulheres e mulheres, há homens e homens, há gays e gays. Cada um com sua história de vida, seus talentos, seus desejos, etc. Outro engano que se tem muito frequentemente é que toda mãe é boa e, por conseguinte, ama seus filhos. Bela bobagem. Nem toda mãe ama seu filho. São muitas as pessoas que querem tapar o sol com a peneira e não querem enxergar a realidade. A verdade é que tem muitas mães que fazem um mal terrível a seus filhos. É só ver esse caso recente do menino Henry, do Rio de Janeiro, de 4 anos, sendo torturado pelo padrasto com conhecimento da mãe, que nada fez. O resultado foi o menino ter sido tão torturado que morreu.

Estereótipos são sempre enganadores. Há mães que prejudicam seus filhos, que fazem um mal terrível. A maternidade é uma coisa interna, psicológica e não apenas biológica. O fato de uma mulher engravidar e parir não significa que ela se tornou mãe. Isso pode ser apenas um ato orgânico e não ter nenhuma contrapartida interna, simbólica. Não é a biologia que define uma mãe, mas a disposição interna. Nem mesmo é necessário ser mulher para exercer a função materna. Homens também podem, sejam eles homossexuais ou não.

Tem a ver com o interno e não com o gênero biológico. O mesmo acontece com a função paterna, sendo possível ser exercida por mulheres. Tanto que existem aquelas mães incríveis que são chamadas de mães e pais ao mesmo tempo. Se basear em estereótipo é uma maneira de não se abrir à vida e reduzir tudo a certas premissas pré-estabelecidas. Os ciganos são perigosos, os espanhóis são estourados, os italianos são falantes. São todas formas de acharmos que conhecemos as coisas, de nos anteciparmos à experiência que podem sempre ser surpreendentes.

Ao invés de formarmos opiniões tão forte e rapidamente poderíamos nos abrir a conhecer o outro, sem preconceitos. Assim, não nos equivocaríamos tanto nem falaríamos tantas bobagens.

A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina

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