A nossa felicidade depende, principalmente, da nossa capacidade de tolerar o sofrimento a manter a esperança na vida. Se somos capazes de aprender a lidar de maneira eficiente com o sofrimento e com as adversidades que a vida sempre nos traz, podemos ser felizes. A felicidade não se caracteriza por um estado onde não exista sofrimento e dificuldades, mas pela possibilidade de se sobreviver a eles e crescer apesar deles.

Imagem ilustrativa da imagem Esperança (ou fé) é essencial
| Foto: iStock

Quando sofremos (e todo o mundo sofre nessa vida das mais variadas formas) podemos passar pela dor com o coração inteiro, ou seja, não ficamos despedaçados, fragmentados. O que torna tudo pior é quando nós nos fragmentamos diante de todos os empecilhos que a vida nos dá, porém se podemos suportar os infortúnios sem nos abalarmos podemos manter a esperança de viver melhor e mais fortes. Sem esperança não há saúde mental.

O sentimento de esperança é um dos mais importantes que podemos cultivar nessa nossa vida. A esperança é que mantém viva nossa crença de que podemos aprender diante de tudo o que vivemos e sairmos mais fortalecidos. Com ela sempre temos um amanhã que pode ser melhor. E a esperança não se trata de um sentimento otimista bobo, passivo, mas de algo bem ativo. Na esperança passiva fica-se esperando que tudo aconteça, que tudo nos seja dado, mas isso não é uma boa atitude frente à vida. Isso só cria uma situação de abandono de si próprio e de certo relaxo para com os autocuidados. Chega a ser quase que uma preguiça. O preguiçoso tem, acima de tudo, preguiça de cuidar de si mesmo. A preguiça é sempre uma resistência em se responsabilizar pela própria vida.

Já na esperança de fato há um desejo por cuidar de si, uma necessidade de crescer, de se fortalecer. Algumas pessoas até chamam a esperança de fé. São sinônimos. O problema é que fé acaba trazendo um peso religioso porque acredita-se que a fé esteja em algum deus ou deuses, conforme a religião que se tenha como referência. A fé, como sinônimo da esperança, também tem esses dois lados: o ativo e o passivo. Tem gente que diz ter fé em Deus, por exemplo, e deixa tudo nas mãos da divina procedência sem fazer nada por si e sem se responsabilizar-se pela própria parte. Vira uma fé estéril, muito infantilizada. Crianças é que normalmente acreditam que tudo o que necessitam precisa ser dado por alguém maior. Gosto muito de um provérbio árabe antigo que diz: "Crê em Deus, mas amarra o seu camelo". Esse provérbio mostra bem que se não fizermos nossa parte nessa vida de nada adianta no que acreditamos.

A verdadeira esperança ou sentimento de fé reside no fato de que confiamos em nós mesmos, na nossa capacidade de aprender e de nos elevarmos diante das dificuldades. A fé recai no potencial humano que existe dentro de nós e que precisa ser aperfeiçoado constantemente para que possamos contar conosco. Quem conta consigo mesmo nunca fica só e quem desenvolve a si próprio fica sempre em boa companhia. Só assim a felicidade pode ser possível.

A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina
Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1