​Nelson Mandela, que foi presidente da África do Sul, foi também um homem muito sábio. Sabedoria não se trata do quanto uma pessoa carrega intelectualmente, do quão bem informada ela é, mas tem uma natureza bem distinta. Sabedoria implica em saber viver, em ter jogo de cintura, como se diz popularmente. Ser sábio implica em saber escolher como responder à vida de maneira eficiente. O sábio sabe viver.

Imagem ilustrativa da imagem Ele foi sábio
| Foto: iStock

​Por isso afirmei que sabedoria nada tem a ver com o intelecto de uma pessoa. Há muitas pessoas com grandes mentes intelectuais, que são extremamente bem informadas e cheias de habilidades, as mais diversas, mas mesmo assim podem não saber viver de maneira competente. A vida para quem não é sábio é sempre custosa e pesada. A sabedoria de como viver bem é um outro tipo de inteligência e não são todos os que a desenvolvem.

​Podemos ser inteligentes racionalmente, mas mesmo assim tropeçar em como conduzimos a vida. Há muita gente que paga um preço alto demais pelas escolhas que faz ao longo da vida e sofre muito com isso. Quando não aprendemos a ser sábios sempre fazemos más escolhas. Por exemplo, Nelson Mandela fez uma escolha muito sábia quando saiu da prisão, após 27 anos de encarceramento. E, diga-se de passagem, uma prisão injusta. Ele afirmou: “Quando saí em direção ao portão que me levaria à liberdade, eu sabia que, se eu não deixasse minha amargura e meu ódio para trás, eu ainda estaria na prisão”.

​Qualquer pessoa depois de 27 anos presa injustamente e sendo tratada de forma tão indigna teria muitos motivos para desacreditar de qualquer coisa boa, para ter desistido de qualquer esperança e desejar vingança a qualquer custo. Seria até compreensível tal atitude. No entanto, não seria sábio porque a pessoa estaria livre lá fora, mas por dentro, aprisionada a sentimentos muito fortes e esmagadores. Uma pessoa dominada pelo ódio e sentimento de vingança não é de fato uma pessoa verdadeiramente livre.

​Quando não somos sábios escolhemos as vezes os piores sentimentos como companheiros. Nos agarramos ao que sentimos sem ao menos prestar atenção se aquilo nos faz bem. Quem não é sábio escolhe mal, se agarra a qualquer coisa e paga muito caro por isso. Porém, quem é mais sábio sabe que algumas coisas, mesmo que fortes e tão massacrantes, precisam ser deixadas para trás para que a vida possa continuar em frente. Para esse tipo de atitude requer-se muita sabedoria.

​Quantas vezes na vida a gente não fica identificado com as piores emoções que nos acometem? Tão identificados ficamos que não nos reconhecemos de outra maneira mais apropriada. Buscamos vingança, dar o troco e muitos outros tipos de conduta que na verdade apenas mostram o quão preso estamos. Abrir mão do prazer do ódio é só para os sábios, pois quem não é atola-se nesse pântano tão prazeroso (porque vingar-se é prazeroso), mas tão destruidor.

​Nem todo prazer é bom. Há prazeres danosos que só trazem prejuízos. O sábio escolhe que tipo de prazer vale a pena. Ele não se deixa enganar facilmente e, por isso mesmo, não pisa em qualquer terreno para depois afundar. O que será que cada um de vocês pode aprender a deixar para trás para seguir em frente?

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A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina

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