Existem pessoas que estão sempre procurando o controle de maneira intensa. Seja na vida profissional, em seus ambientes de trabalho ou em suas vidas pessoais, entre os familiares e amigos, essas pessoas afirmam “saberem” o que é melhor para os outros e querem que tudo seja feito conforme acreditam que tenham que ser. O resultado é que essas pessoas acabam se tornando muitas vezes insuportáveis e os outros podem terminar evitando suas companhias.

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. | Foto: iStock

​Quem não conhece aquela pessoa no trabalho que sempre está a criticar indevidamente os demais e impõe aos outros o seu jeito de fazer, entender e ver as coisas? Estão constantemente cuidando do trabalho dos colegas e sempre têm comentários até mesmo depreciativos. Essas pessoas dizem que estão ‘ensinando’ ou ‘fazendo críticas positivas’, mas na verdade são intrusivas e grosseiras. Há pessoas que acabam virando piada entre os colegas do trabalho por causa desse jeito tão controlador. Alguns ambientes corporativos ganham ares insalubres devido a tantas tentativas de controle.

​Nas famílias e nas relações com os amigos também pode existir esse controle sobre o outro. Há pais que tentam controlar seus filhos decidindo quem eles deveriam ser e o que eles deveriam fazer. Alguns jovens não encontram espaço para poder de fato se descobrirem e ficam aprisionados diante de tanto comando. Muitos pais, munidos das melhores intenções, enredam seus filhos em teias muito difíceis de serem toleradas. Há também filhos que fazem o mesmo com seus pais, tentam decidir por eles e a consequência são brigas e desentendimentos que trazem angústias e empobrecimentos nas relações.

​O que leva algumas pessoas a quererem controlar tanto assim? Até mesmo ao ponto de serem evitadas e vistas como chatas e inconvenientes? Claro que cada um carrega sua própria história com elementos bem peculiares e isso vai ‘formando’ as personalidades ao longo da vida, mas uma hipótese possível é que as pessoas controladoras tentam controlar os outros lá fora porque temem o que não conseguiriam controlar dentro de si próprias. Deparar-se com a própria vida mental é algo que pode ser bem assustador porque sentimos coisas que não queremos e que nem mesmo imaginamos que poderíamos sentir. A ideia que fazemos de nós mesmos nem sempre coincide com quem de fato somos e se dar conta disso pode ser desconfortável. A verdade é que não controlamos quem podemos ser, apenas podemos lidar com quem somos. Ao não aceitarem isso, ao se aterrorizarem com esse fato, as pessoas controladoras focam toda a sua atenção no mundo externo como forma de gerenciarem coisas e pessoas e assim sentirem que estão no controle de algo. Dessa forma, também, elas não precisam prestar atenção em si mesmas e lidar com o que é de fato delas.

​Quem não aceita nem acolhe a própria vida mental passa a desconhecer seu mundo interno e por isso acaba temendo o que não entendem e não controlam e buscam controle naquilo que conseguem ver fora de si, ou seja, a vida dos demais. O problema é que viver assim é um jeito que traz muitos desconfortos que poderiam ser evitados e que deixam a vida mais pesada.

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A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina

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